quinta-feira, 31 de março de 2011
Bagunça
Sabe, tenho que admitir eu até gosto de bagunça. Sou do tipo que prefere espalhar tudo pelo chão para poder procurar alguma coisa. Gosto também de deixar umas coisas pelo caminho: sapatos, blusa de frio, telefone celular. E no fim eu sempre me acho.
Chamo de bagunça organizada - se é que é possível. Parece que está tudo fora do lugar, mas se me perguntarem onde está aquela tesoura de cabo azul? Eu sei. Sei também onde está o guarda-chuva. O passaporte está sempre na mesma pasta, mas a pasta muda de lugar - de vez em quando. Na minha cabeça parece que tem lógica.
É como arrumar um armário com roupas, tem gente que separa por cor, por tipo de peça. Não tem regra, porém separo o que uso mais, o que gosto mais. Tem sempre uma gaveta com uma porção de quinquilharias: peruca cor de rosa, capa de vampiro, camiseta de time antiga, abada de outros carnavais.
Eu não tenho problemas em me desfazer de coisas que estão velhas, se fico um ano sem usar é porque não preciso daquilo. Agora, tem umas coisas que são tão difíceis de mandar embora. Elas remetem ao passado, parece que tem vida própria. Algumas guardam cheiros e a maioria conta histórias. Se tiver lembrança é porque é boa.
Nesses anos de trecho acumulei muitas lembrancinhas de todos os locais de passagem. Por outro lado, cada mudança que faço lá se vai uma porção de caixas embora. Se eu tivesse morando no mesmo local estes últimos anos acredito que não teria feito metade das trocas que fiz. Eu gosto destas trocas, afinal quando uma peça vai embora tem uma ou duas para ficar no lugar.
Às vezes brota uma saudade daquela bicicleta ou daquele ventilador. Fico pensando se valeu à pena ter dado a alguém. Depois coloco na ponta do lápis quantas vezes eu realmente precisei destas coisas ou então quantas vezes eu realmente teria usado. É, valeu à pena.
E tempo de mudança é assim, coisas que vão e que vem. E um mundo de bagunça! Me tira do sério essa coisa de não achar alguma coisa. Como não sou eu que fechei cada uma destas caixas fica difícil controlar todos os conteúdos. E ai me irrita quando vejo uma caixa assim: DIVERSOS DE COZINHA. E quando a caixa é aberta você tira um milhão de trecos de lá de dentro e nenhuma fica na cozinha! Tem mangueira de jardim, livro, vaso de cristal, cinzeiro, cortina, biscoito canino e cobras e lagartos. Aff.
Essa bagunça desorganizada me preocupa. Não consigo registrar mentalmente cada objeto. Irrita. Tem dia - como hoje - que eu apenas sento no sofá e curto o dia, a tv, o frio. Vou passear com a cachorra e esqueço-me da pilha de encrenca que me aguarda. O corpo dói, a cabeça pira. E não fico nem um pouco preocupada com a bagunça, afinal ela não vai sair correndo. Infelizmente. Ela bem que podia se colocar em seu lugar sozinha. Imagina: acordar um dia e ter tudo no lugar?
É isso. Aproveito minhas últimas horas de descanso merecido. Acumulo um tantinho de coragem e mais outro tanto de paciência. Amanhã acordo e continuo a jornada. Enfim, a bagunça mesmo, aquela de todo dia, nunca acaba.
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