Morretes é uma cidadezinha dessas que a gente acha que só existem em filmes e livros. Ela fica entre a montanha e a praia. Cercada de natureza, de história e de gente feliz.
Há dois meses ela estava debaixo dágua. Destruída. Excesso de chuva que veio serra abaixo inundou o rio Nhundiaquara que corta a cidade. Devastação. Nem parece. Tudo passou rápido e a acidadezinha continua a toda.
No centro tem um coreto, um rio cheio de pedras e uma feirinha de artesanato da região. Os restaurantes servem comida abundante - daquele tipo que se paga X e come até cair. Cardápio simples: barreado e peixe frito. O tal do barreado é um conto a parte, pois tem toda uma tradição de horas cozinhando e depois mistura com a farinha e com a banana. Enfim, um daqueles pratos que a gente tem que experimentar sem mesmo gostar. Se não fosse o exagero de cominho eu bem que encarava, mas meu corpo não tem acordo com o cominho. Em resumo, barreado é uma carne de boi cozida até desmanchar. Com muito cominho. Me salvei como peixe frito. E depois com a banana cozida com canela, açúcar e sorvete de creme.
Tá, a gente não foi até lá só pra comer. A cidade é apaixonante. Tem um quê de Parati, no Rio de Janeiro. E outro quê de qualquer cidade pequena e antiga de Minas Gerais. Poderia ser também alguma coisa de São Luiz do Paraitinga, em São Paulo. Sabe, ruas de pedra, casarões antigos. Cachaça e boa comida. Hospitalidade e história. Natureza e aventura.
É um daqueles lugares que vc vai para namorar e ficar sentada olhando o rio. Ou então vai pra descer o rio de bote e fazer trilha de bicicleta. Dá pra fazer tudo ao mesmo tempo também. E no final da noite sentar na cara da lareira, tomar vinho e dormir em paz.
É pequena, porém tem uma série de monumentos - igrejas, pontes, marcos - que contam a história do lugar. E tem outras pequenas cidades em volta que também devem ser visitadas e apreciadas: Antonina, Porto de Cima, Paranaguá, Ilha do Mel. E dá pra entrar nos engenhos de aguardente - pra quem gosta.
Chegar lá já é um passeio incrível. A Serra da Graciosa dá o tom. Tem o portal, a mata, a estrada estreita, o infinito número de cascatas e bicas, pontes duvidosas, mirantes sensacionais. Dá vontade de parar a cada quilômetro. E ai de repente vc dá de cara com esse vilarejo. Parece pintura de quadro da Praça do Embú das Artes/SP. Também dá pra ir de trem. Um dia lá atrás na minha infância eu fiz este passeio. Não me lembro de muita coisa, só de um penhasco que dava medo. Quero fazer novamente - dizem que é estonteante.
São apenas sessenta e dois quilômetros de Curitiba. Dá pra ir até lá, almoçar e voltar. Ou curtir o fim de semana. Pelo menos é mais quente que Curitiba! Quando tem sol...
Amei! Amei o clima, as pedras, o rio, o artesanato de fibra de bananeira, as lojas de pedras brasileiras, o café com doce de laranja, a aguardente de banana, a primavera florida na rua da igreja, o coreto animado no domingo a tarde, os restaurantes na beira do rio, o peixe frito, a roda dágua, a igreja velha, o pipoqueiro na praça, os namorados na ponte, a ponte velha, a estrada florida.
Alimentos para o espírito. O corpo relaxa. A alma floresce. E a cabeça agradece.
Mais uma cidade. Mais uma história. Mais uma cultura.
#ficaadica.
Para saber mais: www.morretes.com.br
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