terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Sonhos

Muitas vezes me pego conversando com o computador e questionando o quanto que devo ou posso me expor. Muitas vezes escrevo histórias reais ou imaginadas que não vão além do “salvar” do laptop. Muitas vezes guardo tudo comigo. Afinal, escrever por quê?

Os meus sonhos são mais ou menos assim também. Sonho muito e lembro muito deles. Dificilmente consigo falar sobre eles.

As imagens logo se perdem, mas a sensação daquilo que aconteceu perdura ao longo do dia.

Sonho constantemente com lugares e pessoas do meu passado. Se alguém me cutucar no FB eu sonho com esta pessoa, se vejo fotos de uma praia que já fui, lá está ela no próximo sonho.

Costumo curtir muito cada um deles. O que acontece é que no sonho eu acabo realizando desejos que não posso ou não devo na vida real.

Sinto-me completamente livre para sonhar. Posso voar, correr, mudar, ser e acontecer. E acordo chorando, rindo, sofrendo ou amando. Lembro-me dos cheiros, das sensações, dos cenários e principalmente das pessoas.

Ficam tão marcadas na minha memória que chegam a substituir a imagem real: quando perdi meu pai há mais de 20 anos o cabelo dele era inteiro preto ainda – apesar dos 49 anos. Não faz muito anos eu sonhei com ele envelhecido, com cabelos grisalhos, os óculos mais modernos, o mesmo estilo de camisa xadrez e calças jeans, a barba por fazer. Aquela imagem era tão verdadeira que quando penso nele é assim que aparece.

Realidade. E os sonhos se tornam realidade.

Esta noite sonhei com uma festa de final de ano em Bertioga. E a casa de um tio – que falei com ele por telefone ontem, claro! Mas não era qualquer festa, como qualquer outra que já teve por lá. Era aquele ano, aquela noite, aquelas pessoas. Porém o banheiro da casa era maior, os quartos divididos de outra maneira e as pessoas... Bem, as pessoas tinham vida própria!

E a festa terminou completamente diferente daquela que já vivi. Com a mesma diversão, com a mesma paixão, mas com outro final.

Parece que vejo novamente um filme. E que cada vez que assisto acerto do meu jeito. Com os meus desejos, com as minhas fantasias.

Fico impressionada com esta capacidade do ser humano. Talvez seja uma forma de poder extravasar ou ainda, de poder agir. Longe da rotina diária que não nos permite ir além.

Terapia. Que o cérebro traz a tona tudo que não sai em palavras. Tudo que está enterrado e não temos coragem de assumir.

Ainda bem que escapa. E se não, era capaz de explodir!

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Tempo

O ano começou outro dia e parece que já faz tanto tempo.

A semana de férias passou rápido, cheia de compromissos, de causos, de horas de estrada. Família, amigos. E a família dos amigos. Tudo vira uma coisa só.

O tempo é curto para tantas novidades. Sede de descanso, fome de liberdade.

Sem a rotina os dias voam mais rápido. Rápido demais. Nem dá tempo de fazer tudo.

Caminhar, dar risada, dormir, discutir sobre o almoço, preparar o churrasco, jogar baralho, passear com a Maria, tomar chuva, discutir sobre tomar chuva ou não, tomar banho de mar, ficar na dúvida se vale a pena enfrentar a areia lotada para tomar banho de mar, ficar acordada até de madrugada para ver as estrelas, namorar, ir ao mercado, ao posto, à padaria, ao bairro vizinho para ver os amigos, e mais um milhão de coisas e lugares.

Vale a pena. Gosto deste clima de festa, de descontração. Cansa, mas é benéfico. Sai da rotina, vira minha vida do avesso. Trás uma enxurrada de emoções, de lembranças, de momentos vividos, de pessoas amadas. Fico nostálgica, revendo na memória uma porção de temporadas passadas. Leva-me para lugares onde fui feliz.

Não que eu não seja feliz ou viva apenas de passado – muito pelo contrário, mas todo final de ano me sinto assim. É ótimo, me faz parecer um pouco mais humana, mais normal. E cada ano me surpreendo mais comigo mesma.

Em algum momento lá atrás eu não gostava desta época de final de ano pelos mesmos motivos que hoje eu gosto. Sentia-me fragilizada com tudo isso.

Amadureci e amoleci.

Meu coração bate mais forte nos dias de hoje. Não tenho mais vergonha de chorar pelas razões mais ridículas – ou por qualquer razão. Não me sinto mais culpada por poder viver em fartura e harmonia, enquanto tanta gente não pode – ou não quer.

Vivo mais a minha vida da minha maneira, sem ficar preocupada com o resto do mundo. Parece egoísmo, mas é apenas autoconhecimento.

Reflexões de uma menina. Menina sim. É assim que sou.

Dou risada das aventuras sem sentido, tomo banho de chuva para ver os fogos na areia da praia, choro de ver os fogos, choro por ganhar um presente que já foi meu um dia e que volta a ser meu 30 anos depois, fico cheia de tanto comer, fico triste por perder uma partida de tranca, fico feliz de poder abraçar amigos de longa data, fico bêbada de felicidade por estar perto da minha família, fico agradecida por ver o sol e poder molhar o corpo no mar, fico admirada de ver as estrelas e discutir sobre as Três Marias ou sobre o Cruzeiro do Sul. Tantos pequenos prazeres... Sem fim!

E então a vida volta para o seu lugar.

A rotina, o trabalho, a academia e tudo mais. Tudo no seu tempo: hora para acorda, para dormir, para almoçar, para trabalhar. Horas e horas.

Tempo que passa rápido. Que acaba logo. Me faz perceber que ainda tem tanto tempo pela frente.

Respiro fundo, porque 2012 está apenas começando. Que assim seja!