Nunca me preocupei
com isso, a idade nunca me assustou: nem o primeiro cabelo branco, nem a
flacidez da pele, nem os sinais ao redor dos olhos. Minha vaidade não é grande
o suficiente para me tirar do sério para cada ano acumulado pelo corpo. Claro que tem
coisas que irritam, tem um vasinho no meu rosto - que antes era escondido pelos
óculos, mas que agora está bem visível - que me incomoda aos montes. Qualquer
hora eu queimo, mas nada é urgente.
Olho no meu
rosto e vejo mais sinais provocados pelo riso e pela fala do que pela
preocupação e sofrimento. Vejo no meu corpo mais sinais de vida saudável do que
de desastres emocionais. Nada é
perfeito, ainda acho que faltam uns centímetros de perna, sobram uns
centímetros de quadril, falta também um pouco de cabelo e sobra outro pouco de
bochechas.
Mas nada disso me impediu de ser feliz e viver cada dia.
Sempre usei biquíni,
mesmo estando acima do peso e sendo branca como uma lagartixa. Sempre usei
calças largas e estampadas, mesmo tendo coxas grossas e pernas curtas. Sempre
usei adereços grandes – anéis, colares, echarpes, etc – mesmo não tendo tamanho
para isso. E não é pelo
fato de quebrar regra ou desafiar a moda, é simplesmente pelo fato de me sentir
bem. De ser autêntica, de mostrar quem sou e qual a razão de estar aqui.
Eu vivo no
presente, o passado e o futuro pouco me desgastam. Do passado só resta lembrar-me
das pessoas e dos lugares. Do futuro... Não sei lidar muito bem com o futuro. Pensar
nele não é meu lazer preferido. Não sou do tipo que planeja tudo, a não ser o extremamente
necessário! Aquela pergunta “onde você estará em 5 anos?” Ahhh, na boa: eu
quero estar viva e feliz! Isso significa morar numa praia da Austrália vendendo
sanduíche, morar em Londres fazendo um curso de inglês ou numa cidadezinha do interior do Brasil dando aula para crianças. Não sei. Só sei que
gosto de viver estas experiências inesperadas.
Não gosto de
pensar que estou presa a um trabalho ou a uma cidade ou qualquer outra coisa
que não me complete. Mesmo que para muitos tudo isso signifique que eu nunca
terei uma casa organizada (e padronizada) ou uma carreira de sucesso ou uma
comunidade para dividir as atividades... E dai? Para que serve tudo isso?
Curtindo o presente, como sempre... |
Na próxima
semana completo 36 anos. Nunca imaginei que os 36 fossem tão parecidos com os
16 ou os 26. Quando eu tinha 16, achava que as ‘tias’ de 36 eram seres de outro
planeta! hehe. Tem dia que acordo com 16 anos e tem dia que acordo com 56. Minha
idade em número nunca irá refletir a minha idade real: nem o que sinto por dentro e nem o que vivo por fora.
Ainda tenho aquela
euforia inexplicável da adolescência correndo em minhas veias, ainda tomo um
porre de vez em quando como fazia os 18 anos. E também tenho os meus momentos
de responsabilidade exacerbada assim como uma senhora aristocrática – a mesma
crise de responsabilidade que eu tinha aos 18 anos...
Ok, uma coisa
mudou de verdade: meus hormônios. Eles me dizem que a idade mudou e que o tempo
está passando. Mexem com minhas emoções. Controlam minha saúde.
Destemperada ou
centrada é assim que chego aqui. Pronta para que os 40 venham com a mesma
leveza e com a mesma sensação de missão cumprida. Feliz aniversário pra mim!