Tá chovendo lá fora. E o que isso tem a ver com o trecho? Tudo. Olhar a chuva lá fora me faz observar através da janela e me ajuda a lembrar que estou longe de casa. Ainda chamo São Paulo de casa. Não pela cidade, mas pelas pessoas que estão lá – minha família. Sei que minha casa, hoje, é Mucuri, mas é difícil esquecer de onde nasci. Não tenho vontade de voltar a morar em SP e se puder escolher não volto tão cedo para isso, até porque quando chove em SP tudo fica pior!
A chuva aqui na praia é diferente. O céu, o cheiro, as gotas que caem. E em cada lugar é diferente. A chuva me situa no trecho. “Onde estou?” Estou em casa. Olho para os móveis, para a cadela dormindo em sua cama, o vaso de plantas que me acompanha em todas as casas. Tudo é meu, tudo tem minha cara, foi escolhido por mim. E aí me pergunto – onde é minha casa?
A reflexão é inevitável, e aqui quando chove a energia costuma acabar. Mais uma indicação do trecho, Mucuri = chuva sem energia. Em outros lugares a chuva era sinônimo de vento forte, ou de ruas inundadas, ou de chuva dentro de casa. Aqui é só tranqüilidade. Os pássaros tomam banho no meu gramado, as formigas se escondem e minha cadela continua dormindo.
Bom mesmo aqui é tomar banho de chuva! Se estou na rua não me importo de me molhar, parece que faz parte do ritual. Mas isso é aqui em Mucuri. Em outras cidades a chuva era fria demais, a roupa era importante demais, o tempo era curto demais. Aqui nada disso faz sentido.
Chego à conclusão que tudo é fugaz, passageiro. Há um ano eu estava numa cidade extremamente fria e quando chovia esfriava ainda mais. Há dois anos eu estava numa cidade que não chove nesta época do ano, e fica sem chuva por uns dois ou três meses. Como será a chuva do ano que vem? Ô chuuuvaa, só peço que caia devagar...
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