quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Pessoas

Preciso falar um pouco sobre isso. Apesar de não sofrer pelas pessoas que vão, ou então quando eu mesma vou embora, quero deixar registrado que as pessoas que passaram pela minha vida de trecho ou antes do trecho foram importantes para mim. Conheci pessoas que realmente fizeram valer a pena cada minuto vivido ao lado delas. 

Eu sempre fui muito crítica comigo mesma e com todos ao meu redor, consigo enxergar defeitos e qualidades que a maioria das pessoas deixa passar, consigo identificar muitas características pessoais nas pessoas e talvez seja um dom. Não uso isso para me aproximar ou afastar das pessoas, eu apenas sinto.
Ao longo dos anos conheci pessoas realmente especiais e quando estamos no trecho essa aproximação é muito mais fácil, pois todos estão perdidos num lugar novo, numa cultura nova e com tudo diferente. E daí surgem os elos para que todos consigam viver melhor. Qualquer fim de tarde, almoço de domingo ou feriado nacional é um grande motivo para reunir 4, 10 ou 50 pessoas para uma mesma ocasião, normalmente acompanhada de música, bebida e comida. Passei por momentos incríveis sambando na varanda de uma casa minúscula de sítio, atravessando a cidade a pé com 80 crianças, jogando truco debaixo de uma árvore, roubando manga do vizinho, vendo o por do sol na beira do rio, fazendo churrasco na calçada e passando o Natal, pela primeira vez, longe da minha família - ou melhor, da minha família de sangue (qualquer dia eu conto essa do Natal) .

Não só os companheiros de trecho, mas também as pessoas que nos acolheram ao longo destes anos me ensinavam demais e me ajudavam a viver melhor. Para alguns ser de fora é ser do bem, é aquele que te abre o horizonte que te leva para novos desafios, para outros ser de fora é te mostrar o que vc é e o que vc não pode ser – e ai dói. Senti muito preconceito não só por ser de SP, mas também por milhões de outros motivos e sei que isso fará parte de minha vida enquanto o trecho for a minha vida. Só da forma que a pessoas afirma: “Você não é daqui, né?!”, já dá para sacar se vai ser “namoro ou amizade” – às vezes nem amizade!

É incrível como alguns desconhecidos podem se transformar em amigos de infância em tão pouco tempo, a carência do trecho é tanta que mesmo os mais complicados e estanho se acertam e cada vez mais acredito que os mais complicados e estranhos é que mais se dão bem neste tal trecho. Tudo tem data para acabar: o trabalho, a casa, as atividades extras – e claro, o convívio com aquele grupo. É bem possível que em algum outro trecho alguns se reencontrem, mas aí já mudou todo o resto e por incrível que parece já é o suficiente para que nada seja como antes e tudo que parece insignificante no dia a dia pode ser um sintoma: mais pessoas, menos pessoas, a cultura local, a equipe de trabalho e até o clima!

Cheguei a conclusão que gente precisa de gente para viver, é impossível ser só e por isso quero homenagear cariocas, gaúchos, curitibanos, sul-mato-grossenses, paraibanos, mineiros, paranaenses, cearenses, baianos, paulistas e paulistanos, capixabas, chilenos, finlandeses e todas as outras raízes possíveis que eu tenha me esquecido. Amo todos vcs e os guardo dentro do meu coração.

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