quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Jardim

Quero apresentar à todos minha nova paixão: o meu jardim.

Existe uma facilidade para todas as mulheres da minha família em administrar e cultivar a terra e as plantas. Minha avó materna tem um jardim enorme, minha mãe é colecionadora de orquídeas e rosas, tem tia que vende flores e plantas, e tem tia que mora num sítio e vive do jardim. E fiquei pensando: por que eu não? E aí o trecho me deu mais uma lição...

Aqui em Mucuri eu entendi porque todos as minhas plantas morriam até então. Ter um jardim é ter uma profissão, vc precisa limpá-lo, regá-lo, tratá-lo com amor. Além de água, as plantas precisam de vitamina, de sol, de terra boa - e aos poucos vc vai entendendo o que cada uma quer: mais ou menos sol, mais ou menos água, mais ou menos areia. Só uma coisa que todas realmente necessitam: atenção. O meu tempo é a coisa mais preciosa para as plantas. Ter um jardim te garante prazer e trabalho, como tudo no mundo deveria ser. E não tem nada mais prazeroso do que beber a água de coco do quintal, dividir as goiabas do pé com os pássaros, ver os tomates amadurecerem, as flores abrirem e as sementes germinarem.

Quando cheguei aqui em casa a grama estava seca e cheia de mato, o coco estava velho e sem água, o pé de goiaba cheio de bicho, a mangueira estava sem folhas e toda comida pelas formigas e a maioria das plantas com pulgão (para quem não sabe é uma praga que destrói a planta e se alastra com o vento). Bem, eu tinha duas opções: chamar um jardineiro e mandar cortar tudo ou aprender sobre o assunto e salvar cada plantinha. Acho que dá pra sacar a minha escolha! E lá fui eu comprar veneno, adubo, mangueira, pazinhas, sementes, etc. Ainda nem tinha mudado para cá e meu marido me deu um aspersor de presente (aspersor é aquele chuveirinho de jardim que espalha água para todos os lados). Eu tinha tanta pena da grama seca que eu só falava dela e acho que ele se sensibilizou sobre o assunto e me deixou mais feliz.   

 Aí juntei os ensinamentos da internet, do saco de adubo, do pacote de sementes e dos anos de convivência com a minha mãe. Espalhei aspersores em todos os cantos da grama, nos pés de fruta, nas plantas novas. Salvei os pés que estavam com muito sol ou vento, doentes e infelizes. Replantei, podei, adubei e acrescentei. Limpei as folhas. Tive que acabar com a formigas, elas são uma praga, terríveis, acabam com tudo!! No começo nem tudo deu certo: muitas sementes não brotaram, muitas plantas não resistiram. Eu ainda acreditava que não tinha mão boa pra isso. Mas o jardim me ensinou a ter persistência e a dar um tempo. E aos poucos o coco voltou a ter cachos com água deliciosa, os bichos das goiabas se foram, as folhas da mangueira cresceram, as flores apareceram e a grama firmou. Ainda tem muito para melhorar, mas aos poucos tudo vai acontecendo.

O mais legal é a horta que criei (eu, eu mesma e sozinha!): tomate, vários tipos de abóbora, maracujá, cebolinha, espinafre, majericão, boldo de folha grande e de folha pequena, hortelã-pimenta, melissa, babosa, bálsamo. Tem também as novas frutas: abacaxi, mamão, abacate. As novas flores: girassol, maria sem vergonha, primavera, hibisco, onze horas, mini ixora, lírio, etc. E outras plantas: tinhorão, espada de são jorge, mirra, samambaia, espirradeira, comigo ninguém pode, e não sei mais quantas e que não sei o nome. Passo pelos lugares e pego as mudas, ganhei algumas da minha tia, outras da minha mãe, outras das vizinhas. Dizem por ai que as roubadas florescem e as compradas e ganhadas não pegam. Mentira, com dedicação e água na medida certa todas dão certo!

Minha maior fã é Maria, claro, que curte a grama e cheira cada nova flor. E mais uma vez eu provei com orgulho que sou filha da minha mãe, neta de minha avó e que o sangue da jardinagem corre em minhas veias. Só fico pensando no dia em que eu for embora: será que consigo colocar tudo em vasos e levar comigo?

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