quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Caminhando

Não sou um exemplo de esportista, nenhuma apaixonada, mas já fiz de tudo um pouco. Jogava futebol no colégio e corria. Frequentei aulas de dança (jazz, balé, axé, etc), fiz muitos anos de academia e hoje tenho o pilates - que é o que realmente tenho prazer em fazer.

Mais a caminhada, que sempre “andou” paralela a tudo isso. Acredito que caminhar é mais que um exercício físico. Você cria seu próprio universo durante o caminho - Winston Churchill. A caminhada ajuda a processar as idéias, aliviar o stress, relaxar o corpo e se conhecer. Caminhar sozinha é um exercício de autoconhecimento, a conversar entre você e você mesma é quase uma obrigação. Claro que estou falando de caminhada ao ar livre, caminhar na esteira com a TV ligada ou na academia com todo aquele barulho não fazem o menor sentido para mim.

A caminhada em dupla é diferente, mas é terapêutica na mesma medida. É quase impossível caminhar sem conversar com a pessoa ao lado. Nada contra o silêncio, eu até gosto, mas se é pra ficar quieta eu vou sozinha. E falar enquanto anda é uma beleza, além de dar a impressão de que a caminhada acaba logo, os pulmões agradecem o esforço - e as calorias perdidas aumentam. E chega! Mais que um parceiro já é demais pra mim, atrapalha tudo.

Antes de casar eu caminhava muito com minha mãe. Logo depois que casei fiquei alguns anos sem caminhar - não dava tempo! Sempre a mesma desculpa. Um dia voltei a caminhar, sozinha, e aos poucos comecei a correr. E o prazer voltou. E de preferência à noite. As luzes, as estrelas e a lua dão um charme bem especial às horas de caminhada e de conversa.

No trecho meu marido resolveu se juntar e a caminhada começou a fazer parte de nossa rotina. Primeiro porque quando a gente muda de cidade a gente engorda! Não tem jeito, acho que é o corpo se adaptando ou  a ansiedade do novo lugar. E segundo, a caminhada nas cidades pequenas é um ritual divertidíssimo. Você encontra um monte de gente conhecida e acaba conhecendo outro monte de gente. Até porque a caminhada é um vício e o corpo e a mente sentem falta. E daí que quem faz a caminhada diária tem os seus hábitos: sempre no mesmo sentido, na mesma hora, etc. E nada mais engraçado do que observar e comentar sobre as pessoas ao seu redor e as manias de cada um.

Lá no Rio Grande do Sul, mesmo com o frio, a caminhada era necessária. Acho que por isso mesmo é que era tão necessária. Era um motivo para movimentar o corpo e esquentar a alma. A gente caminhava de roupa grossa e gorro. E por muitas vezes andávamos por quarteirões sem encontrar ninguém. Era só vendo as chaminés das casas com suas fumacinhas...

Aqui na praia a caminhada também é sazonal. Para os outros. Desde que chegamos aqui temos mantido a nossa caminhada e enquanto foi verão sempre teve um monte de gente na rua. O tempo virou, o vento sul chegou e por muitos meses éramos apenas nós dois em nossa caminhada. Até ontem. Parece que como uma febre todo mundo resolveu sair de casa: casais caminhando, mães com suas crianças em carrinhos ou bicicletas, turmas de adolescentes dando risada, cachorros e seus donos. E, de repente, como se um sinal fosse enviado, todos os moradores deste condomínio resolveram sair às ruas, para caminhar!

Que delícia! É o tempo quente que encoraja as pessoas e que dá energia a todos. E nos dizendo que é mais um ano que acaba e mais um ciclo que deve iniciar em breve. E sigo em frente, caminhando. Independente do tempo, da terra sob meus pés e do céu sobre minha cabeça.

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