Parece uma coisa tão simples, mas morei em cidades que não tinham cinema. Cheguei até a andar mais de 100 quilômetros para poder ir ao shopping e "pegar" um cineminha. Por muitos anos o cinema foi um vício, o passeio mais saboroso de São Paulo, cheguei num ponto de não ter filme em cartaz que eu já não tivesse visto. Por mais de uma vez assisti o mesmo filme duas ou três vezes no cinema. Era um vício mesmo.
Quando saí de São Paulo demorei um pouco para conseguir desconectar disso tudo. Via aquele mundo de estréias do final de semana e o cinema mais próximo era na cidade vizinha - que na maioria das vezes não acompanhava a sequência de lançamentos de SP. Mas o tempo cura todos os vícios. As sessões foram ficando cada vez mais escassas e quando percebi já não tinha mais a preocupação com o assunto. Ficava feliz pelo simples fato do filme passar na TV por assinatura quase um ano depois... humpf!
O que me restava era chegar um SP para umas férias e correr para o cinema, e mesmo assim, com o tempo, o cinema acabou ficando esquecido. A agenda era tão cheia de eventos que nem dava tempo de pensar no cinema. Acho que fiquei o último ano inteiro sem ir ao cinema - nunca pude imaginar que isso iria acontecer comigo. Quer dizer, cinema assim de verdade, né?! Salas enormes, som de primeira, cadeiras espetaculares, etc. Lá em Mucuri/BA tinha uma tal de sessão de sábado que acontecia no clube: salão de festas fechado com tecido negro, cadeiras de plástico da piscina, tela e projetor de reunião de hotel. Hahaha. Tudo bem, tinha o filme e a pipoca, mas o lançamento chegava com meses de atraso! Era o que tinha e valia.
Mesmo sem frequentar as salas de cinema continuei participando da vida ativa dos filmes, lia sobre eles na internet, conseguia assistir algumas cenas também na internet e bendita seja a internet!!
Fui passar uns dias em SP em janeiro e dar uma volta no shopping, sem muito compromisso passei em frente ao cinema e a sessão começaria em 10 minutos, claro que entrei. O filme era o CISNE NEGRO (original: Black Swan - ao pé da letra) e eu já havia lido e visto muito sobre ele e quanto mais eu sabia mais vontade me dava de ver. Só o que eu posso dizer é que é um dos melhores filmes que eu já vi na minha vida!! Sem exagero nenhum. A Natalie Portman está um arraso e junta tudo que gosto: dança, terror, loucura, e tudo mais que um personagem e um filme devem ter para serem bons. Bom não, excelente, maravilhosos, sensacional. É de arrepiar. Tem uma das cenas finais que ela se transforma no cisne negro.... cara, aquilo é de outro mundo. Ela vai dançando e pirando e criando penas, uau! Queria ver de novo no cinema, antes de chegar na TV, será que dá tempo? Uma profundidade de sentimentos e uma entrega que são dignas de prêmio. Mas como Hollywood só gosta daquilo que eu não gosto - normalmente - eu já nem espero nada além do que já foi ganho.
Ainda falando em filmes, o último que assisti no cinema antes do Cisne foi Avatar, que também me encantou pela beleza e criatividade em tudo. Tem cenas exuberantes, mas pra mim perde pro Cisne Negro. E Hollywood também não gostou muito, perdeu o Oscar praquele filme horrível de guerra - eu assisti, mas na boa, não dá nem pra comparar!!
Fica mais uma dica minha, quem não viu veja. Forte, emocionante, apaixonante.Divirtam-se.
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
sábado, 5 de fevereiro de 2011
São Paulo
É até ousadia minha. São Paulo já foi homenageada, cantada, chorada, escrita e vivida por personalidades de todas as áreas. Qualquer coisa que eu sinta ou escreva será redundância, hipérbole ou qualquer outra destas figuras da língua portuguesa.
Pra mim - assim como eu já disse antes - é uma relação de amor e ódio. Viver São Paulo é uma delícia e uma preocupação. Pra quem vive fora desta cidade, voltar é como reencontrar um amante antigo: trás boas e más recordações.
Sim, eu tenho medo de andar pela cidade. Tenho medo das motos "voando" sobre meu carro, tenho medo dos ônibus que acreditam que tem mais direitos do que eu. Tenho medo das pessoas que se aproximam demais. Não confio em ninguém. Sinto uma tensão que atravessa as pessoas na rua.
Ou será que a tensão é minha? Parece que ninguém olha para os lados – ou nos olhos. Sou capaz de rodar pela cidade e não ver o caminho ao meu redor. Assim como a maioria das mais de 10 milhões de criaturas que por aqui vivem...
Durante o dia vejo rostos tristes e cansados, cada um com seus pensamentos, voando longe. Andam com pressa. E de mal-humor que eu sinto de longe e em todos os lugares: lanchonetes, shoppings de alto padrão, feira livre de rua, na padaria da esquina.
E tem alguns retratos que não mudam: o engravatado almoçando rápido e quieto numa praça do shopping, a senhora simpática da fila do supermercado que quer conversar sobre os preços que subiram, o jovem lendo um livro dentro do metrô, a mulher espetacular que circula pelas lojas no meio do dia. Quantas vezes já fiz tudo isso??
Solitários. Que tem o mundo a sua volta e ainda assim estão solitários.
Às vezes encontro uns felizes, com cara de férias, passeando de chinelos, sorrindo para as crianças, brincando com os cachorros. Não combinam com a cidade. Ou não combinam com a minha visão da cidade. Não sei se foi a cidade que mudou muito ou se fui eu que mudei demais. Vejo que os relaxados estão perdidos, até parecem que se esqueceram de onde estão. Tenho inveja de não me sentir mais como eles - à vontade com a rapidez e com a estupidez.
Durante a noite vejo o mar de luzes e de loucos. Por onde se olha se vê luz, de todos os tamanhos e cores. É um espetáculo emocionante. Lindo. E não tem fim. O horizonte vai muito além dos olhos. É um desperdício de energia, mas é uma necessidade – segurança. Tudo por aqui é movido pela energia, pela tecnologia. Elevadores, portões, telefones, internet.
E os barulhos: motos, máquinas, gente, música. Um caldeirão que nunca seca. Borbulha vinte e quatro horas. Bares, restaurantes, festas, baladas. Prazer que não se explica. Que vibra na pele. Que purifica a alma. A noite de São Paulo recarrega baterias - e não o contrário, como se imagina. Tem pra todos. É só procurar, e nem precisa procurar muito.
Posso escrever o que quiser. Nada será exagerado, estranho ou ofensivo. Tudo ela suporta, aceita, concorda. De quando em vez dá uma chuva e ela tenta nos dizer alguma coisa. Mas logo volta ao normal e perde a palavra.
Parece mãe. Mãe de todos que vivem, que já viveram e que ainda vão viver aqui. Que adora os contrastes e os desafios. Que vive em paz consigo mesma. Que dorme e acorda sem pensar nas desventuras e devaneios dos seus filhos. Que sabe amar e ser amada. E que vive feliz e eterna – como devem ser todas as mães.
Cidade que merece o respeito por ser uma das três maiores do mundo. E que merece o respeito do mundo, simplesmente por ser São Paulo.
Pra mim - assim como eu já disse antes - é uma relação de amor e ódio. Viver São Paulo é uma delícia e uma preocupação. Pra quem vive fora desta cidade, voltar é como reencontrar um amante antigo: trás boas e más recordações.
Sim, eu tenho medo de andar pela cidade. Tenho medo das motos "voando" sobre meu carro, tenho medo dos ônibus que acreditam que tem mais direitos do que eu. Tenho medo das pessoas que se aproximam demais. Não confio em ninguém. Sinto uma tensão que atravessa as pessoas na rua.
Ou será que a tensão é minha? Parece que ninguém olha para os lados – ou nos olhos. Sou capaz de rodar pela cidade e não ver o caminho ao meu redor. Assim como a maioria das mais de 10 milhões de criaturas que por aqui vivem...
Durante o dia vejo rostos tristes e cansados, cada um com seus pensamentos, voando longe. Andam com pressa. E de mal-humor que eu sinto de longe e em todos os lugares: lanchonetes, shoppings de alto padrão, feira livre de rua, na padaria da esquina.
E tem alguns retratos que não mudam: o engravatado almoçando rápido e quieto numa praça do shopping, a senhora simpática da fila do supermercado que quer conversar sobre os preços que subiram, o jovem lendo um livro dentro do metrô, a mulher espetacular que circula pelas lojas no meio do dia. Quantas vezes já fiz tudo isso??
Solitários. Que tem o mundo a sua volta e ainda assim estão solitários.
Às vezes encontro uns felizes, com cara de férias, passeando de chinelos, sorrindo para as crianças, brincando com os cachorros. Não combinam com a cidade. Ou não combinam com a minha visão da cidade. Não sei se foi a cidade que mudou muito ou se fui eu que mudei demais. Vejo que os relaxados estão perdidos, até parecem que se esqueceram de onde estão. Tenho inveja de não me sentir mais como eles - à vontade com a rapidez e com a estupidez.
Durante a noite vejo o mar de luzes e de loucos. Por onde se olha se vê luz, de todos os tamanhos e cores. É um espetáculo emocionante. Lindo. E não tem fim. O horizonte vai muito além dos olhos. É um desperdício de energia, mas é uma necessidade – segurança. Tudo por aqui é movido pela energia, pela tecnologia. Elevadores, portões, telefones, internet.
E os barulhos: motos, máquinas, gente, música. Um caldeirão que nunca seca. Borbulha vinte e quatro horas. Bares, restaurantes, festas, baladas. Prazer que não se explica. Que vibra na pele. Que purifica a alma. A noite de São Paulo recarrega baterias - e não o contrário, como se imagina. Tem pra todos. É só procurar, e nem precisa procurar muito.
site desta foto: www.br.olhares.com |
Posso escrever o que quiser. Nada será exagerado, estranho ou ofensivo. Tudo ela suporta, aceita, concorda. De quando em vez dá uma chuva e ela tenta nos dizer alguma coisa. Mas logo volta ao normal e perde a palavra.
Parece mãe. Mãe de todos que vivem, que já viveram e que ainda vão viver aqui. Que adora os contrastes e os desafios. Que vive em paz consigo mesma. Que dorme e acorda sem pensar nas desventuras e devaneios dos seus filhos. Que sabe amar e ser amada. E que vive feliz e eterna – como devem ser todas as mães.
Cidade que merece o respeito por ser uma das três maiores do mundo. E que merece o respeito do mundo, simplesmente por ser São Paulo.
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