segunda-feira, 23 de maio de 2011
Sete
VALERIA tem sete letras. JULIANO tem sete letras. Casamos no mês sete. O final da placa do nosso carro é o sete. Tenho sete estrelas tatuadas. Tenho sete furos nas orelhas. Morei em dois apartamentos 43 (4+3=7). Esta casa que moro hoje é a sétima desde que me casei.
Ele representa a privacidade, a introspecção e o estudo. E tudo isso tem tudo a ver comigo. É um número poderoso porque indica a passagem do conhecido ao desconhecido, entre o divino e o humano, a união entre o homem e Deus. Segundo Pitágoras, o sete é o símbolo gráfico sagrado, poderoso e perfeito de qualquer manifestação do Divino na Terra.
Para a numerologia, sete é o número do mistério. Para os budistas, sete é o número místico. Para a teosofia, sete é o número da sorte. Para os muçulmanos, sete o número do céu. Para os gregos, sete é o número da sabedoria. Para a maçonaria, sete é o número absoluto.
É um número citado em todas as religiões. E ai, temos: os sete dias da Criação do Mundo - sete dias na semana. Os sete Arcanjos do Trono de Deus. São sete os braços do candelabro judeu. De acordo com Abrahão, existem sete portais para a alma: os dois olhos, os dois ouvidos, as duas fossas nasais e a boca. O Pai Nosso e a Ave Maria são orações compostas de sete frases. Foram sete as chagas de Cristo. E também sete as pragas do Egito. E sete são os sacramentos cristãos (batismo, confirmação, eucaristia, sacerdócio, matrimônio, penitência e extrema-unção). Os Cavaleiros Templários rezavam sete vezes ao dia.
São sete os nosso chakras. No Budismo existem sete meios para o homem se tornar puro (domínio de si mesmo, investigar a verdade, energia, alegria, serenidade, concentração, magnanimidade). São sete as nações que praticam a Umbanda, divididas em sete linhas de Orixás. Na ioga são sete os propósitos: isolamento, discernimento, clarividência, calma, perseverança, fortalecimento, purificação. E são sete os planetas sagrados: Sol, Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno.
Sete casais de cada espécie animal foram postos na Arca de Noé. Os deuses do Olimpo tinham sete formas (forças espirituais, forças cósmicas, deuses, corpos celestes, poderes psíquicos, reis divinos, homens terrestres). Ainda na mitologia antiga existia um monstro chamado Hidra de Lerna, e em algumas versões do mito dizem que tinha sete cabeças.
Vc acha o sete em todos os cantos. É como se ele fosse a representação de um todo. Assim: ah, vamos escolher sete que tá bom. Por onde olho vejo o sete. Pesquise na internet e veja que loucura que é. Existem listas e mais listas sobre a desenvoltura do número. Já conhecia muitas delas e outras são novas e intrigantes.
E então, as sete artes: Música, Pintura, Escultura, Arquitetura, Literatura, Coreografia, Cinema. Sete notas musicais. Existem sete algarismos romanos da matemática. Sete cores refratadas pelo prisma: vermelho, laranja, amarelo, verde, ciano, azul, violeta – que são as cores do arco-íris. Na medicina eu achei os setes grupos de vértebras e os sete orifícios no crânio. Dessas eu não sabia!
E ainda tem as sete virtudes humanas, os sete pecados capitais, os sete anos de idade para cada fase da mudança de personalidade. Os Sete Anões! E aquela música do descobridor dos sete mares? E os mares são: Mar Mediterrâneo, Mar Cáspio, Mar Vermelho, Mar Tirreno, Mar Adriático, Mar Egeu, Mar Morto.
As sete maravilhas do mundo antigo são: as Pirâmides de Quéops, os Jardins Suspensos na Babilônia, o Farol de Alexandria, o Colosso de Rhodes, o Túmulo de Mansolo em Halicarnasso, a Estátua de Zeus em Olímpia, o Templo de Artemis, em Éfeso. E as sete maravilhas do mundo moderno são: Machu Picchu, Taj Mahal, Chichén Itzá, Cristo Redentor, Grande Muralha da China, Ruínas de Petra e Coliseu de Roma.
E a cultura popular afirma: sete palmos abaixo da terra. Pintando o sete. Pular sete ondas nos primeiros minutos do ano novo. Quebrar um espelho trás sete anos de azar.
Nome de filme - Sete noivas para Sete irmãos. Nome de livro - Sete anos no Tibet. Nome de música - Sete cidades. Nome de novela - Sete pecados.
Ele existe em tudo. Está presente em nossas vidas. Todos os dias. Sim, eu gosto do número sete. Não apenas pelas coincidências. Me identifico com ele. Admiro e acredito. Carrego-o no meu corpo, no meu nome e na minha vida.
quinta-feira, 19 de maio de 2011
Insônia
Inédito. Será? Não lembro.
Escuro. Desisto da cama. Meus olhos acostumados dançam pelo quarto. Andam até a sala. Param na cozinha. O brilho vem de fora. Lua. Convido timidamente: Lua, vem brincar comigo? Não tenho resposta. Muda.
Silêncio. Silêncio completo. Silêncio absoluto.
Morfeu não veio me ver. Deve estar de mal. Não enxergo a razão. Sempre nos demos tão bem... Bem até demais! Mas não esta noite. Procuro o porquê nas profundezas da minha alma. Vasculho. Xereto. Não acho. Talvez a resposta não esteja na cozinha. O frio começa a dominar meus membros. Escalar meu corpo. Penso no cobertor que está na sala. A cama ainda não é atraente. Morfeu realmente não me quer em seus braços. Não tão cedo.
A sala parece mais confortável. O sofá nem tanto. Fico no chão. Gosto tanto de sentar no chão... E me enrolo no cobertor. O escuro é ainda mais confortável. Às vezes sinistro. Misterioso. Não tem brilho. Mas tem encanto.
Encaro a TV. Ela também tem seu brilho. Não assim um astro, mas tento um novo convite – desta vez mais firme: E vc TV, não quer brincar comigo? Opa! Acendeu. Achei que a claridade era da TV. Percebo a luz através da persiana. Na vizinha. Ela também arranjou uma encrenca com Morfeu? Será que não é com ela a pendenga e ele errou de porta? Me viu ali de bobeira e sobrou pra mim?
Silencio quebrado. A porta da vizinha bate. Espio pela janela. Ela não pode me ver. A janela está levemente embaçada. Frio. Lá fora é muito frio. A vizinha circula pela casa. E vai fazendo barulho e iluminado tudo ao redor. Vai até a cozinha. Volta. Liga a TV. Será uma rotina? Parece tão natural pra ela. Não me sinto bem assim - longe dos braços de Morfeu. Não gosto da sensação. Tem que ter algo errado. A sala também não tem a resposta. E nem as minhas entranhas.
Não sei por quanto tempo rolei na cama. Não sei por quanto tempo fiquei em pé na cozinha. A conversa com a lua não durou muito. Sinto como se o tempo tivesse parado. Congelado. Como se tudo e todos estivessem imóveis. A não ser pela vizinha... Ela quebrou o escuro. Quebrou o silêncio. Quebrou o encanto.
Tenho paixão pela noite. Minha cabeça funciona melhor. Não posso trocar o dia pela noite. Morfeu talvez não se importe. Meu outro companheiro de cama com certeza se importa. Em breve ele deve acordar. E é provável que eu ainda esteja acordada.
Preciso de alguém - ou alguma coisa - para brincar. Papel e caneta sobre a mesa. Será que eles aceitam? Não vou resistir à outra rejeição. A lua e a TV não me respondem. Devo fazer o convite? Medo. Duvida. Escuro. Silêncio.
Nem pergunto. Paquero o papel branco. A caneta vermelha. Olhos cada vez mais acostumados ao escuro. Não quero a luz. Caneta sobre papel. Palavras que não se encaixam nas linhas. Porém, elas fluem. Rapidamente. Deslizam atrapalhadas sobre o papel. Urgentes. Como se o tempo fosse acabar. Ele não estava parado? Escrevo como se estivesse correndo para sobreviver. E aos poucos sinto os olhos pesados. Mãos leves. Vacilo. Bocejo. Sim, sim, eu sei, sei. Está na hora. Me entrego. E então Morfeu começa a fazer as pazes comigo. Aconchego-me em seus braços. Aqui mesmo na sala.
Mes olhos se fecham devagar. O sol começa a dar sinais do novo dia. O escuro está indo embora. O silêncio também. Em minha última prece agradeço ao papel e caneta. Eles vieram brincar comigo. Desenharam o caminho de encontro ao sono. Para encontrar descanso. E enfim, me encontrar.
*WIKIPÉDIA*
Morfeu (do grego Μορφεύς, "moldador [de sonhos]") é o deus grego dos sonhos.
Morfeu tem a habilidade de assumir qualquer forma humana e aparecer nos sonhos das pessoas como se fosse a pessoa amada por aquele determinado indivíduo. Quando uma pessoa augura-se: vá para os braços de Morfeu, significando dormir bem.
Curiosidade: A droga morfina tem seu nome derivado de Morfeu, visto que ela propicia ao usuário sonolência e efeitos análogos aos sonhos.
Texto escrito em agosto/2009, na cidade de Bagé/RS.
Escuro. Desisto da cama. Meus olhos acostumados dançam pelo quarto. Andam até a sala. Param na cozinha. O brilho vem de fora. Lua. Convido timidamente: Lua, vem brincar comigo? Não tenho resposta. Muda.
Silêncio. Silêncio completo. Silêncio absoluto.
Morfeu não veio me ver. Deve estar de mal. Não enxergo a razão. Sempre nos demos tão bem... Bem até demais! Mas não esta noite. Procuro o porquê nas profundezas da minha alma. Vasculho. Xereto. Não acho. Talvez a resposta não esteja na cozinha. O frio começa a dominar meus membros. Escalar meu corpo. Penso no cobertor que está na sala. A cama ainda não é atraente. Morfeu realmente não me quer em seus braços. Não tão cedo.
A sala parece mais confortável. O sofá nem tanto. Fico no chão. Gosto tanto de sentar no chão... E me enrolo no cobertor. O escuro é ainda mais confortável. Às vezes sinistro. Misterioso. Não tem brilho. Mas tem encanto.
Encaro a TV. Ela também tem seu brilho. Não assim um astro, mas tento um novo convite – desta vez mais firme: E vc TV, não quer brincar comigo? Opa! Acendeu. Achei que a claridade era da TV. Percebo a luz através da persiana. Na vizinha. Ela também arranjou uma encrenca com Morfeu? Será que não é com ela a pendenga e ele errou de porta? Me viu ali de bobeira e sobrou pra mim?
Silencio quebrado. A porta da vizinha bate. Espio pela janela. Ela não pode me ver. A janela está levemente embaçada. Frio. Lá fora é muito frio. A vizinha circula pela casa. E vai fazendo barulho e iluminado tudo ao redor. Vai até a cozinha. Volta. Liga a TV. Será uma rotina? Parece tão natural pra ela. Não me sinto bem assim - longe dos braços de Morfeu. Não gosto da sensação. Tem que ter algo errado. A sala também não tem a resposta. E nem as minhas entranhas.
Não sei por quanto tempo rolei na cama. Não sei por quanto tempo fiquei em pé na cozinha. A conversa com a lua não durou muito. Sinto como se o tempo tivesse parado. Congelado. Como se tudo e todos estivessem imóveis. A não ser pela vizinha... Ela quebrou o escuro. Quebrou o silêncio. Quebrou o encanto.
Tenho paixão pela noite. Minha cabeça funciona melhor. Não posso trocar o dia pela noite. Morfeu talvez não se importe. Meu outro companheiro de cama com certeza se importa. Em breve ele deve acordar. E é provável que eu ainda esteja acordada.
Preciso de alguém - ou alguma coisa - para brincar. Papel e caneta sobre a mesa. Será que eles aceitam? Não vou resistir à outra rejeição. A lua e a TV não me respondem. Devo fazer o convite? Medo. Duvida. Escuro. Silêncio.
Nem pergunto. Paquero o papel branco. A caneta vermelha. Olhos cada vez mais acostumados ao escuro. Não quero a luz. Caneta sobre papel. Palavras que não se encaixam nas linhas. Porém, elas fluem. Rapidamente. Deslizam atrapalhadas sobre o papel. Urgentes. Como se o tempo fosse acabar. Ele não estava parado? Escrevo como se estivesse correndo para sobreviver. E aos poucos sinto os olhos pesados. Mãos leves. Vacilo. Bocejo. Sim, sim, eu sei, sei. Está na hora. Me entrego. E então Morfeu começa a fazer as pazes comigo. Aconchego-me em seus braços. Aqui mesmo na sala.
Mes olhos se fecham devagar. O sol começa a dar sinais do novo dia. O escuro está indo embora. O silêncio também. Em minha última prece agradeço ao papel e caneta. Eles vieram brincar comigo. Desenharam o caminho de encontro ao sono. Para encontrar descanso. E enfim, me encontrar.
*WIKIPÉDIA*
Morfeu (do grego Μορφεύς, "moldador [de sonhos]") é o deus grego dos sonhos.
Morfeu tem a habilidade de assumir qualquer forma humana e aparecer nos sonhos das pessoas como se fosse a pessoa amada por aquele determinado indivíduo. Quando uma pessoa augura-se: vá para os braços de Morfeu, significando dormir bem.
Curiosidade: A droga morfina tem seu nome derivado de Morfeu, visto que ela propicia ao usuário sonolência e efeitos análogos aos sonhos.
Texto escrito em agosto/2009, na cidade de Bagé/RS.
segunda-feira, 9 de maio de 2011
Recordações
Ontem foi um dia cheio de recordações. E de emoções. Lembrei de um tempo que não volta mais. Que deixa cicatrizes profundas. Daquelas que vc olha e lembra-se de cada detalhe do que aconteceu. E te faz sorrir.
Tenho uma parte da família da minha mãe que mora aqui em Curitiba. Essa é uma das coisas que me faz ficar tão confortável por morar aqui. Gosto muito destes laços de família. Apesar de muitas vezes não parecer... Acabo sendo displicente e desligada. Não dou notícia. Esqueço dos aniversários - algumas coisas são um saco mesmo. Por outro lado adoro a convivência. A bagunça, a segurança. Poder ser quem vc é. Falar o que pensa.
Já contei alguns episódios aqui sobre os primos, as festas e os domingos. E eu realmente tenho um orgulho enorme de pertencer a esta família. Tem sim um monte de gente louca, afinal é uma família bastante normal. E assim tudo fica divertido. Ter um pedaço desta família por perto me deixa feliz. Ainda mais quando representa uma parte importante da minha vida.
Passei o dia de ontem com esse pessoal que mora aqui. Este que chamo de tio é na verdade primo de minha mãe por parte de pai, ou seja, o pai da minha mãe e o pai do “tio” eram irmãos. Pra mim eles sempre foram tão próximo que eu considero mesmo como um tio. E tia. E meus primos. São três filhos. Mais ou menos entre a minha idade e a do meu irmão – que é seis anos mais velho que eu. Vivi muitas férias ao lado deles. Eram férias especiais. Cheia de aventuras. De lugares novos. De experiências. Um pouco desse sangue cigano que tenho vem daí. Diz minha mãe que eram férias com pouco planejamento. Pouco dinheiro. Na minha cabeça nada disso faz muito sentido. Lembro apenas do sol forte, do sorvete gelado. Dos hotéis, das cidades e dos restaurantes. Das praias. Da água do mar. E da cama pra dormir.
A gente entrava no carro e seguia. Meio sem rumo e sem destino. Parava num lugar, dormia, conhecia algumas coisas e segui novamente. Eram dois carros, duas famílias e um objetivo: férias. Viajar. Conheci muita coisa que nunca mais esqueci. E tenho lembranças tão vivas em minha mente que parecem que aconteceram ontem. E já tem mais de vinte anos.
A gente colocava as coisas no carro. Tudo ia naquele carro. Parávamos no meio do caminho para fazer um lanche. Encostava o carro debaixo de uma árvore da estrada e ali lanchávamos. Meus pais deviam ter de tudo naquele carro. A garrafa térmica azul com água. Travesseiros. O conjunto de malas vinho. No tempo da Belina eu ia dormindo lá atrás, em cima da bagagem - que loucura! Cabia direitinho deitada. Eu e os travesseiros.
Cada cidade tinha um museu, uma igreja, um monumento, um rio, uma história, uma comida típica. Os frutos do mar. A pizza de coração de boi. O frango com macarrão. Cheiros e gostos. O sono e o cansaço na hora do jantar. O café-da-manhã na padaria. Tudo muito simples.
Descobrimento. Conhecimento. Vivência. Lições que nenhuma escola pode ensinar. Momentos que ninguém pode tirar de mim. E um milhão de fotos.
Lembro das dunas e da lagoa de Floripa. Do sol rachando a cabeça e queimando os pés. Lembro das quedas de Foz. Lembro da casa de madeira de Bombinhas. O carro de boi que passava toda manhã. As hortênsias florindo na serra gaúcha. Lembro do carnaval de Jandaia do Sul: meu primeiro baile no salão. Do pôr-do-sol tardio de Porto Alegre. Dos almoços das estradas. Fartos e barulhentos. Da falta de quarto dos hotéis e da combinação que a gente fazia para dormir: meninas num quarto, meninos no outro, cada casal no seu. E meu avô e minha avó sempre pegavam uma pontinha nessas insanidades.
Tudo isso acabou quando meu pai morreu. Meu pai e meu tio eram companheiros dos botecos dessas viagens. Muitos anos depois da morte de meu pai fui passar férias na casa dele e ele me contou assim: "Voltei em Bombinhas, sentei num bar que eu já tinha ido com seu pai. Lá na ponta da praia. Pedi uma cerveja e dois copos, como sempre fazíamos. Enchi os dois. Tomei o meu e deixei o dele lá. Pra ele. Paguei a conta e fui embora".
Coisa de gente louca? Não, coisas de família. De um amor inexplicável. Que sinto cada vez que me encontro com eles. Que tem a vida repleta de recordações. Aventuras de um povo feliz. Com histórias pra contar. E de amor pra dividir.
Tenho uma parte da família da minha mãe que mora aqui em Curitiba. Essa é uma das coisas que me faz ficar tão confortável por morar aqui. Gosto muito destes laços de família. Apesar de muitas vezes não parecer... Acabo sendo displicente e desligada. Não dou notícia. Esqueço dos aniversários - algumas coisas são um saco mesmo. Por outro lado adoro a convivência. A bagunça, a segurança. Poder ser quem vc é. Falar o que pensa.
Já contei alguns episódios aqui sobre os primos, as festas e os domingos. E eu realmente tenho um orgulho enorme de pertencer a esta família. Tem sim um monte de gente louca, afinal é uma família bastante normal. E assim tudo fica divertido. Ter um pedaço desta família por perto me deixa feliz. Ainda mais quando representa uma parte importante da minha vida.
Passei o dia de ontem com esse pessoal que mora aqui. Este que chamo de tio é na verdade primo de minha mãe por parte de pai, ou seja, o pai da minha mãe e o pai do “tio” eram irmãos. Pra mim eles sempre foram tão próximo que eu considero mesmo como um tio. E tia. E meus primos. São três filhos. Mais ou menos entre a minha idade e a do meu irmão – que é seis anos mais velho que eu. Vivi muitas férias ao lado deles. Eram férias especiais. Cheia de aventuras. De lugares novos. De experiências. Um pouco desse sangue cigano que tenho vem daí. Diz minha mãe que eram férias com pouco planejamento. Pouco dinheiro. Na minha cabeça nada disso faz muito sentido. Lembro apenas do sol forte, do sorvete gelado. Dos hotéis, das cidades e dos restaurantes. Das praias. Da água do mar. E da cama pra dormir.
A gente entrava no carro e seguia. Meio sem rumo e sem destino. Parava num lugar, dormia, conhecia algumas coisas e segui novamente. Eram dois carros, duas famílias e um objetivo: férias. Viajar. Conheci muita coisa que nunca mais esqueci. E tenho lembranças tão vivas em minha mente que parecem que aconteceram ontem. E já tem mais de vinte anos.
A gente colocava as coisas no carro. Tudo ia naquele carro. Parávamos no meio do caminho para fazer um lanche. Encostava o carro debaixo de uma árvore da estrada e ali lanchávamos. Meus pais deviam ter de tudo naquele carro. A garrafa térmica azul com água. Travesseiros. O conjunto de malas vinho. No tempo da Belina eu ia dormindo lá atrás, em cima da bagagem - que loucura! Cabia direitinho deitada. Eu e os travesseiros.
Cada cidade tinha um museu, uma igreja, um monumento, um rio, uma história, uma comida típica. Os frutos do mar. A pizza de coração de boi. O frango com macarrão. Cheiros e gostos. O sono e o cansaço na hora do jantar. O café-da-manhã na padaria. Tudo muito simples.
Descobrimento. Conhecimento. Vivência. Lições que nenhuma escola pode ensinar. Momentos que ninguém pode tirar de mim. E um milhão de fotos.
Lembro das dunas e da lagoa de Floripa. Do sol rachando a cabeça e queimando os pés. Lembro das quedas de Foz. Lembro da casa de madeira de Bombinhas. O carro de boi que passava toda manhã. As hortênsias florindo na serra gaúcha. Lembro do carnaval de Jandaia do Sul: meu primeiro baile no salão. Do pôr-do-sol tardio de Porto Alegre. Dos almoços das estradas. Fartos e barulhentos. Da falta de quarto dos hotéis e da combinação que a gente fazia para dormir: meninas num quarto, meninos no outro, cada casal no seu. E meu avô e minha avó sempre pegavam uma pontinha nessas insanidades.
Tudo isso acabou quando meu pai morreu. Meu pai e meu tio eram companheiros dos botecos dessas viagens. Muitos anos depois da morte de meu pai fui passar férias na casa dele e ele me contou assim: "Voltei em Bombinhas, sentei num bar que eu já tinha ido com seu pai. Lá na ponta da praia. Pedi uma cerveja e dois copos, como sempre fazíamos. Enchi os dois. Tomei o meu e deixei o dele lá. Pra ele. Paguei a conta e fui embora".
Coisa de gente louca? Não, coisas de família. De um amor inexplicável. Que sinto cada vez que me encontro com eles. Que tem a vida repleta de recordações. Aventuras de um povo feliz. Com histórias pra contar. E de amor pra dividir.
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Telefone
Tento imaginar como era a vida antes dele. Como é que acontecia? Nos dias de hoje nem dá pra imaginar ficar sem telefone. E dá uma baita encrenca quando ele não funciona.
Chegamos num ponto que nem temos mais o telefone fixo, em casa - que praticamente não serve pra nada. Se cada um tiver seu telefone celular pra que me interessa um telefone em casa? A gente passa praticamente o dia todo fora - e num mundo maluco em que o trânsito pode parar, o avião pode atrasar, o carro pode quebrar e outras coisas piores por ai.
Deixo claro que não sou uma super mega viciada que fica o dia todo ligada ao celular e que ando pelas ruas digitando sem olhar o caminho, mas também me irrita quando ligo para alguém por vezes seguidas e ninguém atende ou dá caixa de mensagens. E quando não tem sinal?!?! Afff.
Aqui em casa o sinal é péssimo, nunca vi igual! Lá em Três Lagoas/MS o celular não tinha sinal na sala de casa, em Mucuri/BA ele só tinha sinal na sala e não nos quartos. Aqui em Curitiba não tem sinal dentro de casa, só no quintal. Ninguém merece!! E o pior é que ele fica dando sinal de emergência, e ai a gente acha que ele até vai funcionar se alguém ligar. E não funciona... Não recebo as chamas e nem as mensagens e nem sinal de vida. E tem dia parece que é pior, é como se o telefone parasse de funcionar. Ele entra num transe. E não é só com o meu aparelho, o do meu marido acontece igual.
Já até passei por uma situação de ficar em casa sozinha enquanto meu marido viajava e absolutamente ninguém conseguir falar comigo por mais de 12 horas. E ai vira uma bagunça e todo mundo começa ficar preocupado e manda e-mail e que loucura! Até que algum sortudo me acha no quintal, usando o telefone. Só que ai já é tarde demais.
Teve uma noite de frio que eu fui lá pro quintal ligar pra minha mãe. Enrolei-me num edredom e lá fui eu pro quintal... Que mico! Enfim, tentei de tudo e até troquei o aparelho. Melhorou, mas não resolveu.
Se fosse há 30 anos nada disso teria acontecido. Pouca gente tinha telefone. Eu me lembro do dia que o nosso foi instalado na casa de minha mãe... Um evento! No máximo, o povo se comunicava com um telegrama. Curto e rápido. E só para pequenas urgências. Como um SMS que demorava alguns dias para chegar. E ninguém se preocupava tanto com tudo isso. Claro, e as cartas que eram os e-mails! Hahaha.
E mais, o telefone celular hoje não é apenas um telefone. Ele vai muito além: pode ser máquina fotográfica, televisão, computador, rádio, agenda, calculadora e mil outras coisas. E que a tecnologia seja abençoada por evoluir. E que a dependência dela seja perdoada.
E viva o telefone! Que diminui as distâncias e nos dá segurança.
Chegamos num ponto que nem temos mais o telefone fixo, em casa - que praticamente não serve pra nada. Se cada um tiver seu telefone celular pra que me interessa um telefone em casa? A gente passa praticamente o dia todo fora - e num mundo maluco em que o trânsito pode parar, o avião pode atrasar, o carro pode quebrar e outras coisas piores por ai.
Deixo claro que não sou uma super mega viciada que fica o dia todo ligada ao celular e que ando pelas ruas digitando sem olhar o caminho, mas também me irrita quando ligo para alguém por vezes seguidas e ninguém atende ou dá caixa de mensagens. E quando não tem sinal?!?! Afff.
Aqui em casa o sinal é péssimo, nunca vi igual! Lá em Três Lagoas/MS o celular não tinha sinal na sala de casa, em Mucuri/BA ele só tinha sinal na sala e não nos quartos. Aqui em Curitiba não tem sinal dentro de casa, só no quintal. Ninguém merece!! E o pior é que ele fica dando sinal de emergência, e ai a gente acha que ele até vai funcionar se alguém ligar. E não funciona... Não recebo as chamas e nem as mensagens e nem sinal de vida. E tem dia parece que é pior, é como se o telefone parasse de funcionar. Ele entra num transe. E não é só com o meu aparelho, o do meu marido acontece igual.
Já até passei por uma situação de ficar em casa sozinha enquanto meu marido viajava e absolutamente ninguém conseguir falar comigo por mais de 12 horas. E ai vira uma bagunça e todo mundo começa ficar preocupado e manda e-mail e que loucura! Até que algum sortudo me acha no quintal, usando o telefone. Só que ai já é tarde demais.
Teve uma noite de frio que eu fui lá pro quintal ligar pra minha mãe. Enrolei-me num edredom e lá fui eu pro quintal... Que mico! Enfim, tentei de tudo e até troquei o aparelho. Melhorou, mas não resolveu.
Se fosse há 30 anos nada disso teria acontecido. Pouca gente tinha telefone. Eu me lembro do dia que o nosso foi instalado na casa de minha mãe... Um evento! No máximo, o povo se comunicava com um telegrama. Curto e rápido. E só para pequenas urgências. Como um SMS que demorava alguns dias para chegar. E ninguém se preocupava tanto com tudo isso. Claro, e as cartas que eram os e-mails! Hahaha.
E mais, o telefone celular hoje não é apenas um telefone. Ele vai muito além: pode ser máquina fotográfica, televisão, computador, rádio, agenda, calculadora e mil outras coisas. E que a tecnologia seja abençoada por evoluir. E que a dependência dela seja perdoada.
E viva o telefone! Que diminui as distâncias e nos dá segurança.
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