quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
Natal
Festa de família. Mesa farta. Muito barulho. Dormir tarde. Árvore enfeitada. Muitos presentes. Lembranças de Natal.
Meu primeiro Natal fora de casa foi em Três Lagoas. Depois de mais de 30 anos seguindo a mesma tradição, pensar num Natal longe da minha família era de partir o coração. Mas a gente aprende que os amigos que fazemos durante a vida são tão amados quanto a própria família. E que uma festa de Natal pode ser completa se for rodeada de companheirismo, felicidade e coração aberto.
Acho até que o Natal fora de casa foi mais divertido. Pelo menos durou mais tempo - começou no dia 23 e acabou no dia 26. E a agenda foi apertada. Primeiro juntamos uns casais perdidos e depois pensamos na comida e dividimos os afazeres. E ai inventaram de assar um leitão... Como morávamos num local de muita criação foi fácil achar o bichinho do tamanho necessário. E ai começou o Natal.
No dia 23 foi todo mundo lá pra casa com o motivo de temperar o porco. Eu nem cheguei perto dele, pois tenho pena - até dói só de ver. E para acompanhar já rolou uma cerveja e uns petiscos e foi dada a largada para o Natal. O povo saiu de casa já era madrugada do dia 24. Bem, como nossa casa tinha churrasqueira ficamos encarregados de assar o porco. E passamos o dia 24 por conta disso. E de vez em quando aparecia alguém lá em casa para "dar uma olhada" e acompanhar o processo, quase emendou com a festa oficial. E cada um que chega já vai tomando uma cerveja. O calor em Três Lagoas era de matar, na cara da churrasqueira então... aff! E fui fazer o resto das compras e encontrei a mulherada da festa na rua, mas tinha que correr porque ainda precisava fazer uma sobremesa e lavar as frutas.
E assim a noite do dia 24 chegou rápido. E nos encontramos na casa de outro casal, que tinha um quintal maravilhoso, fresco e espaçoso. Fizemos a nossa oração e a nossa festa! Depois de muitas horas nem preciso falar que sobrou um monte de comidas e no dia 25 o café da manhã já foi de festa. E o almoço virou café da tarde e a festa do dia 25 só acabou quando acabou a comida. E ai veio o dia 26, como era final de semana voltou todo mundo pro mesmo lugar e o resto do resto da festa foi complementado com um belo churrasco.
E assim foi. Deu até pra esquecer a tristeza de estar longe da família. A festa da casa da minha avó ficou o tempo todo no meu coração. Entre os cheiros, os sabores e as sensações. Porque Natal é assim: comida, bebida, orações, presentes, risadas, música. E entendi que uma festa de Natal está dentro da gente e que cada um faz a sua, não importa o lugar nem as pessoas.
Este ano será o segundo Natal fora de casa. Espero poder por em prática o aprendizado passado e que Deus nos abençoe em mais um ano. Que venha a festa!!
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
William Shakespeare
Li este texto hoje e fiquei ainda mais apaixonada pelo escritor. Sábio e atemporal. Divido com vcs.
Depois de algum tempo, você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma.
E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança.
E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas.
E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.
E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo.
E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam.
E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso.
Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobre que se levam anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida.
Descobre que se levam anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida.
Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias.
E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida.
E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.
Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.
Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos.
Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos.
Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos.
Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser.
Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.
Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve.
Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.
Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as consequências.
Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as consequências.
Aprende que paciência requer muita prática.
Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.
Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou.
Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou.
Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.
Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel.
Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel.
Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama, contudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam,
mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo.
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo.
Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.
Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não para, para que você o conserte.
Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás.
Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores.
Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores.
E você aprende que realmente pode suportar, que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais.
E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!
William Shakespeare
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Pizza
Sou paulista. Apesar de ter perdido muitas das características da cidade, São Paulo ainda é meu berço. E tem alguns hábitos que são especialmente difíceis de mudar. Um deles é a pizza.
Umas das coisas que me conquista quando chego num trecho novo é a pizzaria. É uma atração imperceptível no momento de chegada, mas - pelo que me lembro - em toda cidade que chego o primeiro restaurante que nos dá as boas-vindas é a pizzaria. Acredito que é uma comida que por pior que seja dificilmente será horrível. Já comi muita pizza ruim, porém nenhuma que fosse intragável. E mais que um hábito, vejo a pizza como tradição.
Lembro-me das viagens que minha família fazia enquanto eu era ainda muito pequena e a pizza sempre aparece. Lembro-me em casa, minha mãe fazendo a massa e eu ajudando a rechear. Lembro-me adolescente dividindo uma pizza com o pessoal da rua - no Habbib´s - na primeira vez que saímos sem os pais. Lembro também da pizza da faculdade que matava a fome e dava energia para a jornada da noite. As pizza - dúzias de pizzas - pedidas nos encontros para jogar truco e beber cerveja. Aquela pedida no trabalho e devorada sobre o computador. A pizza cortada "a francesa" (em quadradinhos) para ser comida como tira-gosta enquanto jogamos Imagem e Ação. A pizza solitária enquanto meu marido viaja ou trabalha. A pizza das reuniões nas pizzarias - incontáveis pizzarias.
Trabalho, doença, casamento, aniversário... Tudo é motivo, desculpa, razão. Companheira de todas as horas. Divide alegrias e tristezas. Cansaço, mal humor. Risadas e palhaçadas. Corre numa paralela sem interferir no que acontece. E nos nivela como seres humanos. Comemos com as mãos ou não. Pagamos uma pequena fortuna ou não. Não conheço quem nunca tenha comido. Do resto de pizza embrulhado na pizzaria que é deixada para um morador de rua e da pizza de grife, com chef especializado e recheio que vale ouro.
Ela não tem erro. E não tem dia, quero morrer quando encontro uma pizzaria fechada na segunda-feira - quem é que inventou isso?? Ela nos salva nos momentos de aperto, nos conforta na hora da fome. E nem quero falar dos seus sabores - que cada um tem o seu e já inventou pelo menos mais um. Salgada ou doce. Na pedra, na grelha, na brasa, no microondas, no forno do fogão da cozinha ou do quintal. Direto da geladeira (ai ai). Fria no café-da-manhã. Cura a ressaca, conforta o corpo, alimenta o espírito. Pizza tem história, tem vida.
Em Três Lagoas tinha a pizzaria no fundo quintal duma casa, com mesas e cadeira de plástico, cerveja gelada a céu aberto e na rua da igreja. Em Bagé tinha a pizza do casarão antigo - em frente à igreja matriz, também -, acompanhada de vinho tinto, quadrada, ou melhor, vendida por metro e feita no forno elétrico. Aqui em Mucuri tem uma pizzaria de um paulista que além de ter pizza boa o ambiente é uma delícia: o local é todo construído com material de demolição e responsabilidade social. Tijolo e madeira harmonizam com as árvores que foram mantidas no terreno. Mesas e cadeira feitas com restos de madeira e pedra. Paixão a primeira vista. Foi minha primeira refeição em Mucuri e sei que será a última.
Seguindo a tradição, além da primeira refeição, toda última refeição quando deixamos uma cidade é essa pizza. De preferência em casa para a Maria poder comer um pedaço. E assim nos despedimos de mais um trecho, para poder inaugurar o próximo com o mesmo glamour, a tal da pizza.
Umas das coisas que me conquista quando chego num trecho novo é a pizzaria. É uma atração imperceptível no momento de chegada, mas - pelo que me lembro - em toda cidade que chego o primeiro restaurante que nos dá as boas-vindas é a pizzaria. Acredito que é uma comida que por pior que seja dificilmente será horrível. Já comi muita pizza ruim, porém nenhuma que fosse intragável. E mais que um hábito, vejo a pizza como tradição.
Lembro-me das viagens que minha família fazia enquanto eu era ainda muito pequena e a pizza sempre aparece. Lembro-me em casa, minha mãe fazendo a massa e eu ajudando a rechear. Lembro-me adolescente dividindo uma pizza com o pessoal da rua - no Habbib´s - na primeira vez que saímos sem os pais. Lembro também da pizza da faculdade que matava a fome e dava energia para a jornada da noite. As pizza - dúzias de pizzas - pedidas nos encontros para jogar truco e beber cerveja. Aquela pedida no trabalho e devorada sobre o computador. A pizza cortada "a francesa" (em quadradinhos) para ser comida como tira-gosta enquanto jogamos Imagem e Ação. A pizza solitária enquanto meu marido viaja ou trabalha. A pizza das reuniões nas pizzarias - incontáveis pizzarias.
Trabalho, doença, casamento, aniversário... Tudo é motivo, desculpa, razão. Companheira de todas as horas. Divide alegrias e tristezas. Cansaço, mal humor. Risadas e palhaçadas. Corre numa paralela sem interferir no que acontece. E nos nivela como seres humanos. Comemos com as mãos ou não. Pagamos uma pequena fortuna ou não. Não conheço quem nunca tenha comido. Do resto de pizza embrulhado na pizzaria que é deixada para um morador de rua e da pizza de grife, com chef especializado e recheio que vale ouro.
Ela não tem erro. E não tem dia, quero morrer quando encontro uma pizzaria fechada na segunda-feira - quem é que inventou isso?? Ela nos salva nos momentos de aperto, nos conforta na hora da fome. E nem quero falar dos seus sabores - que cada um tem o seu e já inventou pelo menos mais um. Salgada ou doce. Na pedra, na grelha, na brasa, no microondas, no forno do fogão da cozinha ou do quintal. Direto da geladeira (ai ai). Fria no café-da-manhã. Cura a ressaca, conforta o corpo, alimenta o espírito. Pizza tem história, tem vida.
Em Três Lagoas tinha a pizzaria no fundo quintal duma casa, com mesas e cadeira de plástico, cerveja gelada a céu aberto e na rua da igreja. Em Bagé tinha a pizza do casarão antigo - em frente à igreja matriz, também -, acompanhada de vinho tinto, quadrada, ou melhor, vendida por metro e feita no forno elétrico. Aqui em Mucuri tem uma pizzaria de um paulista que além de ter pizza boa o ambiente é uma delícia: o local é todo construído com material de demolição e responsabilidade social. Tijolo e madeira harmonizam com as árvores que foram mantidas no terreno. Mesas e cadeira feitas com restos de madeira e pedra. Paixão a primeira vista. Foi minha primeira refeição em Mucuri e sei que será a última.
Seguindo a tradição, além da primeira refeição, toda última refeição quando deixamos uma cidade é essa pizza. De preferência em casa para a Maria poder comer um pedaço. E assim nos despedimos de mais um trecho, para poder inaugurar o próximo com o mesmo glamour, a tal da pizza.
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Planos
Assim como a maioria das pessoas normais eu também faço planos. Algumas vezes vou até um futuro distante de cabelos brancos e pele enrugara, outras fico logo ali no Natal ou no próximo mês.
O trecho não permite que muitos destes planos sejam executados - acredito que muitos planos por ai não são, mas a média no trecho deve ser maior. As informações vem e vão numa velocidade considerável e mal dá tempo de assimilar a primeira idéia e a segunda já vem para derrubá-la depois a terceira e a quarta, e a quinta, sexta... Uma festa de Natal, por exemplo, pode ser rearranjada por dezenas de vezes e chegar no dia e ainda mudar tudo.
Com o tempo a gente acaba acostumando com esta instabilidade e também se acostuma a perder um final de semana pago numa pousada, uma festa de aniversário e coisas assim. Nem tudo é tão ruim, afinal se as coisas boas mudam, as ruins também.
E é inevitável não imaginar a próxima cidade, a próxima casa, a próxima obra. Assim construímos castelos no ar - uma vida inteira no ar. A internet ajuda bastante e trás mais informações do que gostaríamos de saber. Chega a cansar. Na iminência de mudança a curiosidade toma conta e a busca principia. E os planos vão crescendo, se acumulando.
É muito divertido quando eles se concretizam - ver aquela praça da internet, a casa daquela foto, curtir a praia que tanto ouvimos falar. Ou não. Mudar tudo de uma vez e começar de novo. São ciclos, altos e baixos. Ansiedade que vai e volta. Alguns planos podem ser realocados e transferidos, outros somem no ar - da mesma forma que foram feitos.
Acho até que parei de fazer planos para a velhice. Passando tanto tempo fazendo planos para daqui a pouco que aqueles mais distantes ficaram esquecidos. Preciso volta a fazê-los. Pensar mais no meu futuro distante e deixar o futuro próximo mais solto, mais a mercê do destino e tentar não controlá-lo tanto, afinal ele pode mudar a qualquer momento.
Mas e ai, fazer ou fazê-los? Vida de trecho é assim, a gente se joga e deixa levar. E depois colhe os frutos.
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
Cachoeira
Eu dava uma mordida no meu pedaço de pizza na sexta-feira à noite quando ouvi a proposta: Vamos numa cachoeira no domingo? Minha resposta foi outra pergunta: Moramos numa região extremamente plana, como pode ter uma cachoeira? E lá fomos nós.
Em qualquer lugar entre Bahia e Minas Gerais, depois de uns cincoenta quilômetros de asfalto, mais uns trinta de terra, umas quatro ou cinco pontes de madeira (meio bambas), muitos buracos, fazendas e mais fazendas de eucalipto e finalmente três porteiras e cinco reais para a dona e chegamos ao local combinado. Bem, não é assim uma cachoeira, porém levando em conta a tal da planície que moramos, até que é um rio bem agitado. Com direito a pequenas quedas d’água, pedras, correnteza, árvores ao redor e tudo mais.
Montamos acampamento. Cadeiras, mesas, churrasqueira, caixas com cerveja, água. Bicicletas, cachorro, crianças, colchão de ar, rede para deitar. Protetor solar e repelente. E lá se vai mais um domingo no trecho. Lugar diferente, gente nova. Assuntos diversos. Risadas, muitas risadas.
E não tem lugar para a frescura. Estamos no meio do mato. Pequenas casas espalhadas ao longe, alguns cavalos que passam. O cheiro do mato e da carne assando se misturam. O som do rio correndo e das risadas se escuta de longe. E assim as horas se estendem. A água fresca que vem da mata lava o corpo e a alma. O sol quente brilha na correnteza, trás um espetáculo aos olhos. Fica nos meus pensamentos que essa paisagem é particular, que este pedaço de paraíso pertence a alguém. Chego a concordar com o valor cobrado na entrada – afasta os mal intencionados.
Hora de ir, o sol começa a dar sinais de que vai embora. O repelente começa a perder na guerra entre os mosquitos locais. A cerveja acabou e a carne também. Todo o lixo é recolhido e todos trabalham como pequenas formigas catando, limpando, guardando, fechando. A volta é longa, mas reconfortante. E o domingo termina com banho gelado no chuveiro do quintal.
Só não foi perfeito porque meu time não ganhou o campeonato! Acho que a culpa foi minha, não consegui trocar a cachoeira pelas horas de torcedora na frente da TV. Coisas do domingo. Que venha o próximo!
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
Afilhados
Na verdade é apenas um, mas como ele tem um irmão gêmeo podemos considerar logo os dois.
Desde que saí de São Paulo meu contato tem sido cada vez menor e as minhas “obrigações” de madrinha tem sido cada vez menos praticadas. E eu sofro por isso. Cada foto que vejo, cada notícia que tenho é como se meu mundo caísse por não poder acompanhar todos os episódios. Até parece exagero, mas não é. Sinto muita falta.
Mesmo com a pouca convivência tenho paixão por eles. E eles são dois meninos muito lindos – e não é porque sou madrinha. Eles são educados, tranqüilos e lindos – não canso de repetir. O pai deles é meu primo, que tem mais ou menos a minha idade e crescemos praticamente juntos. Os pais dele - ou seja, meus tios - são meus padrinhos. E ai a coisa fica mais interessante. Eu realmente gosto demais daquela família.
No fundo eu gosto de todos do mesmo jeito: tios, primos, etc. Sinto muita falta de todos também... Estou assim porque vi as fotos da festa de aniversário da minha avó – da qual eu não estive presente, né?! Mas aqueles dois meninos são especiais pra mim e o pior, estou perdendo a convivência com eles.
Tudo é complicado, pois eles também moram fora de São Paulo e quando estou lá nem sempre consigo um dia para poder vê-los e aí o tempo vai passando... Passa tão rápido para as crianças. Eles crescem numa velocidade que está além da minha capacidade de entendimento. Quando eu dava aula para os meninos (as) da idade deles eu me impressionava com o desenvolvimento em tão pouco tempo. E eu sei que me afastar deles nesta idade me deixa cada vez mais distante de suas vidas futuras.
Entrar neste mundo não é muito fácil e não depende da gente, eles é que dão o tom. Se uma criança não se identifica com você por algum motivo é complicado ter qualquer tipo de relação com elas. Mas quando eles são tomados pela confiança e pelo amor... É como mágica! Não existe amor mais sincero, mais puro. É o sorriso que se abre, o beijo de verdade, o abraço com vontade e dar a mão por necessidade. São pequenos, mas são enormes. São criativos, vivos, intrigantes. Cada um tem sua criação, seu sofrimento, suas manias. Tão pequenos e tão fortes.
Vejo as fotos deles e sinto cada uma destas coisas. Tão iguais e tão diferentes. Os dois lembram demais o pai deles – cada um a sua maneira. E pra mim isso é ainda mais forte, já que me lembro do meu primo numa idade bem próxima à deles. E mesmo por foto é possível reconhecer traços de personalidade de cada um deles. A maneira como os braços do pai ficam ao redor de cada um. Os olhos que falam. A falta dos dentes na boca. A altura. Tão iguais e tão diferentes do pai...
Amo calada. De longe. Peço à Deus que os proteja, que os mantenha felizes e amados. Sei que estou em falta. Ainda vou reverter isso. Um dia.
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Bingo
Tem coisas nessa vida que definitivamente eu não nasci pra fazer. Eu até faço, mas sem vontade nenhuma. Viver numa cidade pequena tem seus momentos de puro deleite, porém para sobreviver às redes sociais - destas mesmas cidades - tem que ter muito molejo nas cadeiras. É um tal de chá da tarde daqui, de festa pra arrecadar dinheiro dali e não poderia faltar o bingo. O bingo sozinho já não é lá das dez coisas mais interessantes que existem para se fazer, ainda cercado de um monte de mulheres de poucos afazeres fica menos atrativo ainda. E quando as mulheres falam tão alto que não se consegue nem ouvir o número sorteado do bingo é pra acabar comigo.
Tá, eu sei, eu tenho alguns problemas de relacionamento – é uma ótima explicação! A sensação que tenho é que sou a única que não relaxo e me divirto nestas reuniões. O papo é sem graça, a comida é horrível e os prêmios piores ainda. Eu juro que vou de coração aberto e faço realmente para ajudar – afinal era para arrecadar dinheiro para as criancinhas... Na maioria das vezes é melhor dar o dinheiro e ficar em casa, ou na rua, ou na praia, ou na piscina, ou passeando no centro da cidade ou sei lá aonde. E aí vc tem que arranjar uma ótima desculpa, porque numa cidade pequena nada se faz sem que pelo menos uma meia dúzia de conhecidos fiquem sabendo.
Uma das coisas que me preocupa é que a maioria das mulheres chega num momento da vida que só fala de novela, marido, casa e filho. É a empregada que dá trabalho, o filho que não dorme o marido que não dá atenção... Eu vivo em outro planeta. No meu, não existem filhos, minha casa é uma delícia, minha empregada só me ajuda e meu marido é uma maravilha. Claro que nada é assim tão perfeito, mas será que a gente pode mudar o assunto? Eu quero falar sobre o Rio de Janeiro, sobre música, cinema, sei lá. Vamos falar mal de algum político ou de alguém conhecido? Contar histórias engraçadas, que tal? Quero diversão!
Lá em Três Lagoas o povo da cidade dizia que eu era “refinada”, “descolada”, “moderna” e que às vezes não me convidavam por vergonha, mas eu cheguei à conclusão que quem mora numa cidade grande é mais bicho do mato do que o povo daqui. Nós fomos criados num mundo muito maluco, em São Paulo todo mundo faz o que quer sem ser muito analisado e criticado. E não tinha essa coisa de um viver na casa do outro e se conhecer na rua. Fomos programados para nos proteger e para não nos preocuparmos com a vida dos demais. E a gente só se junta quando realmente se gosta ou então quando é pra fazer festa.
Fora a guerra fria que existe por causa da sua aparência - até parece a Inglaterra (rs). Tanto lá no Mato Grosso do Sul como aqui na Bahia o calor é de arrasar e mesmo assim a mulherada vive de calça jeans, maquiagem e salto fino. Eu não entro numa calça jeans, a minha maquiagem derrete e é impossível andar de salto fino na grama, na terra ou na areia. A desculpa delas é que sou “atualizada”, “globalizada” - no fundo mesmo eu não aguento! Acho que elas é que tem vergonha de mim por aparecer de rasteirinha e vestidão ou ainda pior, de bermuda boyfriend e blusinha de alça...
E eu que sou a estranha. Sei que tenho um estilo pouco convencional e nunca me senti mal por isso. Não sou escrava de nada: nem da moda, nem da sociedade. Sou única, assim como todos são, porque tenho que usar a mesma fantasia que todo mundo? Eu fico com a minha, obrigada. (Para quem não me conhece, até parece que sou uma louca revolucionária. Não, sou apenas eu mesma.)
Não vivo reclamando de tudo por ai, só que tem dia que o desabafo é necessário. Afinal tem coisas que realmente me irritam. Chá quente é pra quem tá doente – como diz meu marido. Ou então para as tardes e noites fria, debaixo do cobertor, assistindo TV. Não para o clima da Bahia – com o sol na cabeça e a areia nos pés. Ainda se o chá fosse gelado... E mais, o que gosto mesmo é de tomar cerveja num boteco. Jogar truco. Falar besteira. Dar risada. E não deixo de ser mulher por isso. Posso?
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Caminhando
Não sou um exemplo de esportista, nenhuma apaixonada, mas já fiz de tudo um pouco. Jogava futebol no colégio e corria. Frequentei aulas de dança (jazz, balé, axé, etc), fiz muitos anos de academia e hoje tenho o pilates - que é o que realmente tenho prazer em fazer.
Mais a caminhada, que sempre “andou” paralela a tudo isso. Acredito que caminhar é mais que um exercício físico. Você cria seu próprio universo durante o caminho - Winston Churchill. A caminhada ajuda a processar as idéias, aliviar o stress, relaxar o corpo e se conhecer. Caminhar sozinha é um exercício de autoconhecimento, a conversar entre você e você mesma é quase uma obrigação. Claro que estou falando de caminhada ao ar livre, caminhar na esteira com a TV ligada ou na academia com todo aquele barulho não fazem o menor sentido para mim.
A caminhada em dupla é diferente, mas é terapêutica na mesma medida. É quase impossível caminhar sem conversar com a pessoa ao lado. Nada contra o silêncio, eu até gosto, mas se é pra ficar quieta eu vou sozinha. E falar enquanto anda é uma beleza, além de dar a impressão de que a caminhada acaba logo, os pulmões agradecem o esforço - e as calorias perdidas aumentam. E chega! Mais que um parceiro já é demais pra mim, atrapalha tudo.
Antes de casar eu caminhava muito com minha mãe. Logo depois que casei fiquei alguns anos sem caminhar - não dava tempo! Sempre a mesma desculpa. Um dia voltei a caminhar, sozinha, e aos poucos comecei a correr. E o prazer voltou. E de preferência à noite. As luzes, as estrelas e a lua dão um charme bem especial às horas de caminhada e de conversa.
No trecho meu marido resolveu se juntar e a caminhada começou a fazer parte de nossa rotina. Primeiro porque quando a gente muda de cidade a gente engorda! Não tem jeito, acho que é o corpo se adaptando ou a ansiedade do novo lugar. E segundo, a caminhada nas cidades pequenas é um ritual divertidíssimo. Você encontra um monte de gente conhecida e acaba conhecendo outro monte de gente. Até porque a caminhada é um vício e o corpo e a mente sentem falta. E daí que quem faz a caminhada diária tem os seus hábitos: sempre no mesmo sentido, na mesma hora, etc. E nada mais engraçado do que observar e comentar sobre as pessoas ao seu redor e as manias de cada um.
Lá no Rio Grande do Sul, mesmo com o frio, a caminhada era necessária. Acho que por isso mesmo é que era tão necessária. Era um motivo para movimentar o corpo e esquentar a alma. A gente caminhava de roupa grossa e gorro. E por muitas vezes andávamos por quarteirões sem encontrar ninguém. Era só vendo as chaminés das casas com suas fumacinhas...
Aqui na praia a caminhada também é sazonal. Para os outros. Desde que chegamos aqui temos mantido a nossa caminhada e enquanto foi verão sempre teve um monte de gente na rua. O tempo virou, o vento sul chegou e por muitos meses éramos apenas nós dois em nossa caminhada. Até ontem. Parece que como uma febre todo mundo resolveu sair de casa: casais caminhando, mães com suas crianças em carrinhos ou bicicletas, turmas de adolescentes dando risada, cachorros e seus donos. E, de repente, como se um sinal fosse enviado, todos os moradores deste condomínio resolveram sair às ruas, para caminhar!
Que delícia! É o tempo quente que encoraja as pessoas e que dá energia a todos. E nos dizendo que é mais um ano que acaba e mais um ciclo que deve iniciar em breve. E sigo em frente, caminhando. Independente do tempo, da terra sob meus pés e do céu sobre minha cabeça.
Mais a caminhada, que sempre “andou” paralela a tudo isso. Acredito que caminhar é mais que um exercício físico. Você cria seu próprio universo durante o caminho - Winston Churchill. A caminhada ajuda a processar as idéias, aliviar o stress, relaxar o corpo e se conhecer. Caminhar sozinha é um exercício de autoconhecimento, a conversar entre você e você mesma é quase uma obrigação. Claro que estou falando de caminhada ao ar livre, caminhar na esteira com a TV ligada ou na academia com todo aquele barulho não fazem o menor sentido para mim.
A caminhada em dupla é diferente, mas é terapêutica na mesma medida. É quase impossível caminhar sem conversar com a pessoa ao lado. Nada contra o silêncio, eu até gosto, mas se é pra ficar quieta eu vou sozinha. E falar enquanto anda é uma beleza, além de dar a impressão de que a caminhada acaba logo, os pulmões agradecem o esforço - e as calorias perdidas aumentam. E chega! Mais que um parceiro já é demais pra mim, atrapalha tudo.
Antes de casar eu caminhava muito com minha mãe. Logo depois que casei fiquei alguns anos sem caminhar - não dava tempo! Sempre a mesma desculpa. Um dia voltei a caminhar, sozinha, e aos poucos comecei a correr. E o prazer voltou. E de preferência à noite. As luzes, as estrelas e a lua dão um charme bem especial às horas de caminhada e de conversa.
No trecho meu marido resolveu se juntar e a caminhada começou a fazer parte de nossa rotina. Primeiro porque quando a gente muda de cidade a gente engorda! Não tem jeito, acho que é o corpo se adaptando ou a ansiedade do novo lugar. E segundo, a caminhada nas cidades pequenas é um ritual divertidíssimo. Você encontra um monte de gente conhecida e acaba conhecendo outro monte de gente. Até porque a caminhada é um vício e o corpo e a mente sentem falta. E daí que quem faz a caminhada diária tem os seus hábitos: sempre no mesmo sentido, na mesma hora, etc. E nada mais engraçado do que observar e comentar sobre as pessoas ao seu redor e as manias de cada um.
Lá no Rio Grande do Sul, mesmo com o frio, a caminhada era necessária. Acho que por isso mesmo é que era tão necessária. Era um motivo para movimentar o corpo e esquentar a alma. A gente caminhava de roupa grossa e gorro. E por muitas vezes andávamos por quarteirões sem encontrar ninguém. Era só vendo as chaminés das casas com suas fumacinhas...
Aqui na praia a caminhada também é sazonal. Para os outros. Desde que chegamos aqui temos mantido a nossa caminhada e enquanto foi verão sempre teve um monte de gente na rua. O tempo virou, o vento sul chegou e por muitos meses éramos apenas nós dois em nossa caminhada. Até ontem. Parece que como uma febre todo mundo resolveu sair de casa: casais caminhando, mães com suas crianças em carrinhos ou bicicletas, turmas de adolescentes dando risada, cachorros e seus donos. E, de repente, como se um sinal fosse enviado, todos os moradores deste condomínio resolveram sair às ruas, para caminhar!
Que delícia! É o tempo quente que encoraja as pessoas e que dá energia a todos. E nos dizendo que é mais um ano que acaba e mais um ciclo que deve iniciar em breve. E sigo em frente, caminhando. Independente do tempo, da terra sob meus pés e do céu sobre minha cabeça.
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Dona Romilda
Esta linda e simpática senhora é minha avó e amanhã é seu aniversário. São 90 primaveras comemoradas e acompanhadas de muitas histórias. Pense numa mulher forte, esta é a sua imagem. E tem paixão pela vida.
Lembro bem dos almoços de domingo na casa dela, família italiana de mesa farta, gente barulhenta e de muito amor pela dona da casa. E ela se preocupa com todos e faz a gente se sentir em casa. Tem o hábito de ligar para os nomes da agenda telefônica (que é enorme) nos seus respectivos aniversários e muitas vezes só para bater um papo - essa gosta do telefone mesmo! Ela bem que gostaria que a família vivesse embaixo de sua grande asa, mas infelizmente a vida não é exatamente como gostaríamos.
Vi poucos momentos de fragilidade dela, o primeiro foi a perda de meu pai há pouco mais de 20 anos. Meu pai não teve mãe por muito tempo, sendo assim adotou a sogra como a tal e ele fazia de tudo por ela. Quando ele se foi desse mundo ela se abateu, teve um AVC e sofreu como quem perde um filho, mas se recuperou e continuou sua jornada. Teve jogo de cintura e cabeça aberta para todas as novidades da vida contemporânea: cabelo comprido nos meninos, tatuagens, a lista interminável de namorados das netas, netos que não casaram e só se juntaram, netos que tiveram filho sem casar, separações e essas coisas que acontecem por aí.
Extremamente religiosa, segue todas as tradições e criou os seis filhos nessa doutrina. Manteve as datas sagradas e festas num calendário apertado, sempre com a casa cheia de gente. Por lá tem sempre alguém hospedado, tem sempre alguém que aparece para um almoço no meio da semana ou um jantar no final de semana e o domingo... Bem o domingo é um episódio a parte! Ele é animadíssimo. Eu passei minha infância inteira com o domingo reservado pela minha avó. Lá os adultos jogavam baralho até tarde da noite, tomavam cerveja e comiam, e comiam mesmo. Os pequenos se divertiam na sala, com mil almofadas, e cabana com lençol atrás do sofá, e fazendo montinho de primos e comendo, claro. Passei muitas férias por lá, sem fazer nada, só para dormir num lugar diferente. Meu avô ensinava a gente jogar baralho e minha avó fazia mil guloseimas. Mesmo depois de "velha” (vamos chamar de "crescida") eu tive minhas aventuras na casa de minha avó e dormi muitas vezes no chão da sala enorme com pelo menos meia dúzia de primos de vários graus. A quantidade de primos de vários graus é considerável, mas somos praticamente como irmãos - assim fomos criados.
O Natal também tem sua glória e teve suas fases: a da criançada com Papai Noel, coral e teatrinho, a da adolescência da molecada com o amigo secreto - que foi meio morna e a atual, com os primos formados e quase todos casados - e o amigo secreto virou amigo da onça (regado com bastante vinho), que é mais engraçado! Ai a família aumentou e a bagunça aumentou e vieram os bisnetos e assim a família segue sob a supervisão daquela Senhora ali. O que não muda é o longo cardápio que começa ser devorado logo cedo (sem aquela coisa de hora para a ceia) e só acaba quando o último convidado vai embora.
Quando saí de São Paulo uma das coisas que mais me dava saudade era daquela mesa cheia de gente do domingo, quantas vezes eu liguei para lá bem no meio do almoço só para poder ouvir a conversa, os talheres, o cachorro e a movimentação. E ninguém reclama. Quem tiver por perto do telefone que atenda e aí ele vai passando de mão em mão até chegar nela - ela fala rapidinho porque tem mais uma porção por perto para ela cuidar. E este é melhor horário para ligar lá, pois tem sempre um amontoado de personalidades.
Ela também viu meu avô partir e ainda lembro-me dele me dizendo que eu era a neta que mais se parecia fisicamente com minha avó quando mais nova: o mesmo rosto, as mesmas pernas grossas. Ela sofreu também com a despedida dele, mas até parece que rejuvenesceu depois disso e manteve a casa e a família na rédea curta. O que mais me impressiona é o respeito que todos têm por ela, como se ela realmente fosse uma rainha na colméia, uma anciã sábia que guarda histórias e segredos, mas que só revela o que é divertido e alegre. Aquilo que é triste e o que não presta ela joga fora e passa por cima com um trator para ser triturado e esquecido.
A festa no final de semana vai ser grande e já está sendo organizada faz um tempo, com a participação ativa dela. Meu coração dói por não poder participar de mais um dia de casa cheia, mas o trecho não me permite compartilhar de todas as aventuras desta família. Peço a Deus para que a mantenha abençoada assim e que aquela casa continue cheia, pois nada nessa vida pode ser maior e melhor presente de aniversário do que ter todos à sua volta - ainda mais sendo ela o motivo da festa. Que ela tenha forças para aguentar a emoção e mais muitos anos de vida para poder manter a felicidade de todos que tem esta Dona como sua querida. Sou fã dessa mulher!
sábado, 13 de novembro de 2010
Cerveja
Desde muito pequena lembro do meu pai bebendo cerveja. Nunca foi nada preocupante, mas sei que ele era apaixonado pela bebida. Minha mãe nunca foi muito de beber, mas o pai dela - meu avô - sempre bebia as suas também. Era aquela coisa de final de semana e de todas as festas. Com o tempo descobri que eu também era uma apaixonada pela cerveja. E aos poucos fui degustando os tipos existentes e tentando apreciar suas variações. Nem todas agradam meu paladar, mas posso afirmar que hoje sou uma boa conhecedora de cerveja.
Tem muita gente por ai que acha que só os vinhos podem ser degustados e apreciados, mas todas as bebidas tem as suas diferenças e cada uma delas tem a sua história. Eu sou da cerveja. Quero deixar claro que não é um vício, mas é algo muito prazeroso.
A cerveja é a bebida da moçada da minha época de faculdade e de balada. Nesse tempo os destilados eram muito caros ou muito ruins. Essa coisa de energético não existia. A gente tomava cerveja mesmo. Era num bar, numa pista de dança, na praia, em casa. E ainda é.
Aos poucos fui me interessando pelas marcas diferentes que apareciam nos cardápios e nas gôndolas. Sempre gostei de experimentar o que aparecia de novo. Quanto eu tinha uns 18 anos os bares mais badalados de SP eram as cervejarias com suas canecas enormes e tinha a Continental com uma taça que era praticamente um aquário! E aí veio a Baden Baden de Campos do Jordão - que era o bar mais agitado da cidade. E quem não se lembra da DaDo Bier?
E lá perto da casa da minha mãe tem o Frangó, que começou vendendo frango grelhado e que depois se especializou em cerveja. Lá eu tomei cerveja do mundo inteiro. Enquanto comia uma porção de coxinha sempre tinha uma cerveja diferente ao lado.
Por muitos anos em SP tomamos cerveja em lata - na maioria dos lugares por segurança, já que a garrafa quebrava e dava briga e etc, mas também pelo custo do casco e pelo trabalho de carregar e acabava comprando em lata mesmo no mercado. E também tinha a coisa do chopp que cada um pedia o seu e controlava o consumo.
No trecho a cerveja voltou a ser de garrafa. E teve uma coisa que chamou muita atenção quando chegamos em Três Lagos/MS: em qualquer boteco que a gente sentava a cerveja sempre era bem gelada - em SP nem sempre isso acontecia.
Andando pelo Brasil tive a aportunidade de conhecer os paladares diferentes de uma mesma marca de cerveja. Dizem que é a água. Mas a mesma marca pode ser estranha em SP e saborosa em Curitiba. Fora as marcas populares que a gente nem conhece, mas que o povo toma por causa do baixo custo. O custo-benefício não vale! Mas cada um na sua...
Andando fora do Brasil percebi que a cerveja também é amada e apreciada. As chopperias são deliciosas: animadas, barulhentas. E que também se acha cerveja ou chopp em qualquer boteco de qualquer cidade e cada um com a sua cultura: cerveja mais ou menos gelada, com mais ou menos colarinho, com copo assim ou assado que é pra poder manter o frescor ou o aroma. Ainda bem, assim posso manter o meu hábito.
Encontrei por esse mundo grandes bebedores e apreciadores de cerveja, quem realmente gosta da tal da loira (que pode ser morena ou ruiva, depende da cerveja) é porque já experimentou de todas - pelo menos todas ao alcance dos olhos e das mãos. O cheiro, o gosto na boca e o sabor que fica depois de acabar. Tem quem faça como o vinho e diz que tem cheiro de "frutas vermelhas" e sabor "carvalho" - eu tô fora disso! Sinto cheiro, gosto, mas é de cerveja! Mais adocicada, mais amarga, mais forte, mais leve... mas de madeira?! Eu nem sei qual é o gosto da madeira...
Comecei este texto porque eu estava arquivando umas fotos e achei essa ai. A foto foi tirada lá em Bagé/RS em 2009. Fomos passar um dia no Uruguai e em cada lojinha diferente que paramos compramos um tipo de cerveja, quando chegamos em casa e gente só tinha comprado cerveja! E pelo menos umas 2 garrafas de cada modelo.
Por sorte - ou por afinidade mesmo - acabei casando com outro apaixonado por cerveja e que também faz questão de experimentar qualquer novidade. E assim vamos bebendo cerveja, em quer cidade deste país e também dos outros países.
Tem muita gente por ai que acha que só os vinhos podem ser degustados e apreciados, mas todas as bebidas tem as suas diferenças e cada uma delas tem a sua história. Eu sou da cerveja. Quero deixar claro que não é um vício, mas é algo muito prazeroso.
A cerveja é a bebida da moçada da minha época de faculdade e de balada. Nesse tempo os destilados eram muito caros ou muito ruins. Essa coisa de energético não existia. A gente tomava cerveja mesmo. Era num bar, numa pista de dança, na praia, em casa. E ainda é.
Aos poucos fui me interessando pelas marcas diferentes que apareciam nos cardápios e nas gôndolas. Sempre gostei de experimentar o que aparecia de novo. Quanto eu tinha uns 18 anos os bares mais badalados de SP eram as cervejarias com suas canecas enormes e tinha a Continental com uma taça que era praticamente um aquário! E aí veio a Baden Baden de Campos do Jordão - que era o bar mais agitado da cidade. E quem não se lembra da DaDo Bier?
E lá perto da casa da minha mãe tem o Frangó, que começou vendendo frango grelhado e que depois se especializou em cerveja. Lá eu tomei cerveja do mundo inteiro. Enquanto comia uma porção de coxinha sempre tinha uma cerveja diferente ao lado.
Por muitos anos em SP tomamos cerveja em lata - na maioria dos lugares por segurança, já que a garrafa quebrava e dava briga e etc, mas também pelo custo do casco e pelo trabalho de carregar e acabava comprando em lata mesmo no mercado. E também tinha a coisa do chopp que cada um pedia o seu e controlava o consumo.
No trecho a cerveja voltou a ser de garrafa. E teve uma coisa que chamou muita atenção quando chegamos em Três Lagos/MS: em qualquer boteco que a gente sentava a cerveja sempre era bem gelada - em SP nem sempre isso acontecia.
Andando pelo Brasil tive a aportunidade de conhecer os paladares diferentes de uma mesma marca de cerveja. Dizem que é a água. Mas a mesma marca pode ser estranha em SP e saborosa em Curitiba. Fora as marcas populares que a gente nem conhece, mas que o povo toma por causa do baixo custo. O custo-benefício não vale! Mas cada um na sua...
Andando fora do Brasil percebi que a cerveja também é amada e apreciada. As chopperias são deliciosas: animadas, barulhentas. E que também se acha cerveja ou chopp em qualquer boteco de qualquer cidade e cada um com a sua cultura: cerveja mais ou menos gelada, com mais ou menos colarinho, com copo assim ou assado que é pra poder manter o frescor ou o aroma. Ainda bem, assim posso manter o meu hábito.
Encontrei por esse mundo grandes bebedores e apreciadores de cerveja, quem realmente gosta da tal da loira (que pode ser morena ou ruiva, depende da cerveja) é porque já experimentou de todas - pelo menos todas ao alcance dos olhos e das mãos. O cheiro, o gosto na boca e o sabor que fica depois de acabar. Tem quem faça como o vinho e diz que tem cheiro de "frutas vermelhas" e sabor "carvalho" - eu tô fora disso! Sinto cheiro, gosto, mas é de cerveja! Mais adocicada, mais amarga, mais forte, mais leve... mas de madeira?! Eu nem sei qual é o gosto da madeira...
Comecei este texto porque eu estava arquivando umas fotos e achei essa ai. A foto foi tirada lá em Bagé/RS em 2009. Fomos passar um dia no Uruguai e em cada lojinha diferente que paramos compramos um tipo de cerveja, quando chegamos em casa e gente só tinha comprado cerveja! E pelo menos umas 2 garrafas de cada modelo.
Por sorte - ou por afinidade mesmo - acabei casando com outro apaixonado por cerveja e que também faz questão de experimentar qualquer novidade. E assim vamos bebendo cerveja, em quer cidade deste país e também dos outros países.
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Livros
Livros. Como posso resumir? Um hábito. Um vício. Uma necessidade. Seja qual for a razão só posso afirmar que sem eles eu não vivo.
Minha mãe tem culpa nisso - claro, assim como tudo no mundo a mãe tem sempre culpa! Vou explicar: quando eu tinha uns 12/13 anos minha mãe me trancou no meu quarto e disse: "você só sai daí quando terminar este livro". Isso era o fim do mundo. Eu só pensava em ficar na rua, jogar bola, correr, andar de bicicleta e essas coisas que os meninos faziam. Sim, os meninos. Eles eram muito mais interessantes que as meninas: as bonecas, as panelinhas e brincar de casinha não tinham a menor graça. E lá fui eu e meu livro para o quarto...
O livro era A Revolução dos Bicho de George Orwell. Não lembro muito da história, mas tem a ver com uma fazenda que tem uns porcos que resolvem fazer uma revolução contra os donos, enfim uma fábula. Fiquei muito, muito brava com a imposição de minha mãe, mas lí o livro e voltei pra rua. Mas ainda não foi assim que me apaixonei pela literatura.
Muitos anos mais tarde, já na faculdade de Publicidade tive uma quantidade ENORME de livros que deveriam ser lidos, entendidos, comentados. Era uma literatura bem específica, mas o hábito da leitura apareceu e aí comecei a me interessar por outras áreas. Nessa época eu era toda cheia de ser intelectual, namorava um artista plástico e vivia em torno de museus, bibliotecas e até trabalhei no Centro Cultural de São Paulo (sim, aquele que tem na Vergueiro, com milhões de exposições e shows e etc). Continuava na minha empreitada intelectual, mas caí numa linha muito pesada e fui ler Caetano Veloso - Verdade Tropical, tentei ler umas 3 vezes em 3 épocas da minha vida, mas não consigo passar da metade. No início achei que largar um livro sem acabar era um fracasso e insistia, mas isso foi me afastando da leitura.
Nessa mesma época descobri Edgar Ellan Poe e Stephen King. Apaixonada por filmes de terror resolvi mudar a direção da coisa para ver se funcionava. O primeiro do Sr. King foi Os Olhos do Dragão - é um conto de fadas misturado com o suspense digno do autor. E aí eu variava, um livro de aventuras, outro mais cabeça e segui lendo. Lá em casa sempre teve todo tipo de livro, minha mãe - como boa professora - sempre teve uma coleção louvável.
Saí da faculdade, do trabalho da Vergueiro e caí no mundo dos negócios. Fui trabalhar que nem gente grande. E aí tudo isso adormeceu. Trabalhando 14 horas por dia eu mal tinha tempo de dormir, então a leitura foi ficando escassa. Mas ainda assim sempre tinha um livro na minha cabeceira da cama, demorava meses pra terminar. E assim foi Carandiru (Dráuzio Varella), O Código Da Vinci (Dan Brown) e mais quase a coleção do Stephen King. Na minha lua de mel eu estava lendo O Cemitério (Pet Sematary) dele! Super Romântico!
Lí muito do Harry Poter (J.K.Rowling) - até virar filme, porque depois não teve mais graça! E mais um monte de coisas em ingês Midsummer Night's Dream (Sonho de uma noite de verão, em português de Willian Shekespeare), Dracula (Bram Stoker), - quando o meu inglês ainda era fluente. Os vampiros, ahh os vampiros... Pra quem vem apreciando vampiros há anos Stephenie Meyer com sua Saga Crepúsculo foi água com açúcar, mas ainda sim valeu - teve um deles que lí em apenas um dia: eu não podia sair da cama pois meu joelho estava imobilizado por razão de um acidente. E André Vianco (acho que lí todos os de vampiro dele), um brasileiro que coloca os vampiros em lugares que conheço bem, como a cidade de São Paulo.
Com o tempo descobri Clarice Lispector, Jorge Amado (amo!) e outro autores antigos que eu não tive maturidade para gostar quando era mais nova. E acabei lendo todos os mais vendidos dos últimos anos, alguns eu não terminei, outros eu lí, mas não lembro nada da história. Lembro de um ótimo, bem jornalístico: Abusado de Caco Barcellos. Um que nunca vou esquecer é A Viagem de Théo (Catherine Clément), que é a história de um menino que vai conhecendo as principais religiões do mundo - é um livro longo e lindo, mesmo para quem não gosta de religião. Outra dica para quem gosta de suspense e intrigas é a trilogia do Stieg Larsson (Os Homens que Não Amavam as Mulheres, A Menina que Brincava com Fogo e A Rainha do Castelo de Ar) - vai virar filme também. Vale pela história completa, tem hora que cansa, tem pedaço que é pesado demais, mas o livro vai te amarrando dum jeito que vc precisa saber o fim de tudo aquilo, mesmo já sabendo que vai dar tudo certo no final. E tem mais um número infinito de livros apaixonantes, nem vai dar para falar de todos...
Hoje eu termino um daqueles livros que não vou lembrar da história, acho que nem vou lembrar que lí, mas amanhã começo mais um autor clássico que estava guardado no ármário de minha mãe: Hermann Hesse em O Jogo das Contas de Vidro. É o último romance escrito pelo autor, publicado em 1943. Conforme a capa: Romance futurista que descreve uma comunidade mítica, em que intelectuais dedicados à música, à astronomia e à matemática se deleitam na prática de uma atividade lúdica complexa e requintada que define os valores da sociedade.
E assim eu fico. Boa leitura à todos.
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Pescaria
Clara Nunes já dizia: "O galo cantou/Às quatro da manhã/Céu azulou na linha do mar"... e é assim que começa a pescaria. Dia amanhecendo, maré baixa.
Carrega o carro com vara, isca, isopor com água gelada e lanchinho, cadeira de praia e uma mochila com coisinhas básicas: toalha de banho, chapéu, protetor solar (extremamente necessário!), tábua e faca para limpar o peixe e cortar a isca, pequeno kit de pesca com anzol, linha, chumbinho e mais mil pecinhas que não sei o nome. E eu levei um livro, caso a coisa ficasse muito entediante. E essa foi a minha primeira vez.
Assim como a jardinagem está no sangue das mulheres da minha família, a pesca corre nas veias dos homens. Meu pai era um pescador assumido, onde tivesse uma pocinha de água lá tava ele com vara, isca e chapéu. Ás vezes ele pegava a barraca e o kit de pesca e ia para alguma beira de rio com meus tios e primos e voltava uma semana depois. Cheirando peixe, com a barba por fazer e feliz. Muitas vezes voltava sem o peixe...
Eu nunca entendi direito tudo isso: ficar sentado, em silêncio, debaixo de sol ou de chuva e ainda "matar' o pobre do peixe?! Não era o tipo de experiência que eu queria pra mim... Fora o fato de que mulher e pescaria não combinam! Pelo menos é o que dizem os pescadores. Mas como tudo na vida muda, minha vida me leveou para lugares em que a pesca além de esporte para alguns era sobrevivência para outros.
Meu marido, como a maioria dos paulistas criados no asfalto, nunca tinha pensado nisso, mas por influência dos companheiros de cerveja acabou caindo na beira do rio e aprendeu a pescar. E claro, nunca mais largou! Aprendi que é assim, ou vc ama ou odeia, não tem um limite muito fácil de perceber quando isso acontece. O clima da coisa vai te envolvendo e vc vai fazendo e se entregando e aí já era.
Quando vc está pescando parece que a vida para. É vc, a água e o tempo. É uma atividade de muita atenção, vc tem que ficar o tempo todo esperto caso o peixe resolva te dar a graça de se enroscar no seu anzol. E não é fácil! Esse povo que diz que pegou não sei quantos mil quilos ou quantidades de peixe não é verdade! Ou melhor pode ser, mas aí dependde do tempo que vc tem pra ficar pescando. Ninguem pega toneladas de peixe em apenas uma manhã - impossível! E outra: aqueles pesque-pague não vale! Vc chega lá e tem a vara pronta e o peixe pulando pra fora... Isso nada tem a ver com o processo de pescaria real.
Pescar exige técnica, treino, paciência. Muita experiência. E chego a pensar que o prazer maior nem é pegar o peixe, mas é todo o ritual de ficar sozinho com seus pensamentos, sentado na beira de um rio - que tem um visual sensacional, com o barulhinho da água, o sol penetrando nos ossos, o vento acariciando o seu rosto... é quase um ato erótico! Só não dá prazer pra quem não consegue relaxar. E como ponto alto do ato nada mais emocionante do que tirar o anzol da água e ter o seu peixe fisgado. É a sensação de missão cumprida. Se o peixe for grande o suficiente para o almoço ai é perfeito, é como ganhar na loteira.
E então é hora de voltar pra casa: limpar o peixe na beira do rio ou do mar (no meu caso o encontro do mar com o rio), colocar no isopor, recolher a bagunça e festejar. Um brinde com cerveja gelada finaliza o ritual, afinal a gente merece! Ah, e o livro que levei foi só pra passear...
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Partidas
Já começou: a temporada das partidas está aberta! Ainda tenho esperanças de que vou me acostumar com isso, mas cada vez que acontece, alguma coisa muda em mim.
Tem sempre uns três ou quatro casais que são mais próximos, mais receptivos, mais divertidos e mais companheiros, e ai, de um dia para o outro eles começam a se espalhar. Quando a gente começa ter intimidade, confiança e tranquilidade, quando a gente começa a entrar "nos eixos" é o momento de se despedir. Sei que não é para sempre, pois tenho fé que ainda vou reencontrar a maioria deles, mas a sensação de perda é inevitável. Sei também que cada buraco que se abre é uma oportunidade para novos caminhos - neste caso, para novas pessoas, mas também é como começar de novo. E todo começo é conturbado. A gente divide a casa, a comida, a risada, os problemas, as confusões e até alguns segredos mais obscuros. E de repente tudo muda! A flexibilidade para as mudanças depende de como encaramos o fato, mas no fundo sempre dói. Mexe com a nossa vidinha confortável.
No próximo mês já é a vez da primeira partida e até o inicio do ano mais outras duas devem acontecer e assim cada um vai tomando o seu rumo e reconstruindo sua vida. Uns voltam para a cidade natal outros partem para uma nova aventura. Não interessa, toda partida é uma quebra e que nos coloca em xeque-mate com nós mesmos. Os medos reaparecem, as inseguranças surgem. Mudar nunca é fácil, mesmo para quem está acostumado - e para quem gosta.
Hoje perguntei para a esposa do casal que está de mudança: e ai, preparada? E a resposta é sempre a mesma: Sim. Acreditar na mudança é o primeiro passo, o segundo é assumir para si mesmo e terceiro é contar pra todo mundo. Encarar tudo isso faz parte do processo e ter coragem para as novas descobertas é sinal de amadurecimento. A gente nunca sabe o que vai acontecer, mas sempre temos a certeza de que vai ser o melhor.
Eu sempre brinco com minha mãe: não reze para eu voltar, reze para que eu seja feliz! E é isso que eu repito para todo mundo, se está indo embora reze para ser feliz, afinal com o resto a gente se acostuma.
Ainda não é a minha vez, mas já começo a pensar que está próximo e que cada trecho tem data para começar e para terminar. E com a temporada de partidas começa também a temporada de despedidas e de muitas festas para comemorar, porque uma partida não pode ser completa se não tiver uma boa despedida...
Tem sempre uns três ou quatro casais que são mais próximos, mais receptivos, mais divertidos e mais companheiros, e ai, de um dia para o outro eles começam a se espalhar. Quando a gente começa ter intimidade, confiança e tranquilidade, quando a gente começa a entrar "nos eixos" é o momento de se despedir. Sei que não é para sempre, pois tenho fé que ainda vou reencontrar a maioria deles, mas a sensação de perda é inevitável. Sei também que cada buraco que se abre é uma oportunidade para novos caminhos - neste caso, para novas pessoas, mas também é como começar de novo. E todo começo é conturbado. A gente divide a casa, a comida, a risada, os problemas, as confusões e até alguns segredos mais obscuros. E de repente tudo muda! A flexibilidade para as mudanças depende de como encaramos o fato, mas no fundo sempre dói. Mexe com a nossa vidinha confortável.
No próximo mês já é a vez da primeira partida e até o inicio do ano mais outras duas devem acontecer e assim cada um vai tomando o seu rumo e reconstruindo sua vida. Uns voltam para a cidade natal outros partem para uma nova aventura. Não interessa, toda partida é uma quebra e que nos coloca em xeque-mate com nós mesmos. Os medos reaparecem, as inseguranças surgem. Mudar nunca é fácil, mesmo para quem está acostumado - e para quem gosta.
Hoje perguntei para a esposa do casal que está de mudança: e ai, preparada? E a resposta é sempre a mesma: Sim. Acreditar na mudança é o primeiro passo, o segundo é assumir para si mesmo e terceiro é contar pra todo mundo. Encarar tudo isso faz parte do processo e ter coragem para as novas descobertas é sinal de amadurecimento. A gente nunca sabe o que vai acontecer, mas sempre temos a certeza de que vai ser o melhor.
Eu sempre brinco com minha mãe: não reze para eu voltar, reze para que eu seja feliz! E é isso que eu repito para todo mundo, se está indo embora reze para ser feliz, afinal com o resto a gente se acostuma.
Ainda não é a minha vez, mas já começo a pensar que está próximo e que cada trecho tem data para começar e para terminar. E com a temporada de partidas começa também a temporada de despedidas e de muitas festas para comemorar, porque uma partida não pode ser completa se não tiver uma boa despedida...
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Férias
Sim, sumi. Tirei férias.
Bem, se a pergunta surgir: como ela tira férias se não trabalha? Digo que "férias" é um período de descanso periódico de uma atividade constante, independente da atividade. Eu tirei férias do trecho!
Tirei férias da minha casa, do meu marido, dos amigos, da cachorra, do sol, do jardim, da internet e de tudo mais que me acompanha diariamente. Até da TV. Fui andar por caminhos diferentes, conhecer outras chuvas, outros cheiros e gostos. Reencontrei alguns prazeres, como o de se perder, o de ficar sozinha num lugar estranho e o de descobrir novos cenários. Reencontrei - depois de dez anos - uma querida amiga, que continua querida e amiga.
Os azuis. |
Rodei por cidades enormes, grandes, médias, pequenas e minúsculas. Matei a saudade do metrô, do bonde, do ônibus, do trem, do barco, do avião. Matei a saudade da minha mãe. Identifiquei a grande quantidade de tonalidades da cor verde de outras florestas, os tons de azul - que não existem por aqui - do rio, do mar e do céu. Corri entre o trânsito dos carros e das motocas, fui revistada como se fosse uma criminosa, fiquei numa fila por mais de uma hora para entrar num elevador e caminhei por mais de uma hora sem encontrar ninguém.
Tomei chuva, passei frio, dei risada, fiquei com medo, perdi a paciência. E passei calor também! Cometi muitos pecados e pedi perdão por todos eles em todas as igrejas que entrei (acho que foram umas 40 igrejas e nem deu tudo isso de pecado!). Tomei vinho até cair, comi até cair, andei até cair, ri até cair. Caí da cama. Caí na besteira de acreditar que tudo podia ser perfeito. Nunca é, mas pode beirar a perfeição!
Os verdes. |
Quem disse pra gente que férias é para descansar? Não. Férias é para tudo isso, porque para descansar eu fico em casa, onde a cama é a minha, o chuveiro é o meu, a comida é a minha. Nas férias nada disso descansa. A comida é uma bagunça, os quartos são estranhos e os banheiros, bem, acho melhor não comentar. Só tenho certeza de uma coisa: depois das férias tudo muda. A gente volta com saudade de tudo e de todos. E tudo aquilo que foi vivido nas férias será guardado, recordado e comentado até o fim de nossa vida, porque a experiência das férias ninguém pode arrancar da gente.
E já começo a planejar as férias do ano que vem, até porque férias a gente merece uma vez por ano...
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