quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Escrever

Não sei explicar o que acontece. É uma necessidade.

Escrever alivia os pensamentos, liberta a alma, distrai o coração. Revela sentimentos. Por vezes começo a escrever por hábito e quando percebo não consigo parar.

Letras que formam a palavra e se transformam em frases, que concluem em parágrafo. Ensaio completo.

Fluidez. Palavras vomitadas que brotam não sei de onde. Incontrolável.

Os dedos até tentam ser rápidos, mas não acompanham a cabeça. Escrevo, apago, reescrevo. Me perco.

Encontro-me em Fernanda Young: “Cheia de dúvidas e decepções. Sentindo vergonha deste português mal-ajambrado; destes capítulos frouxos, repetitivos, lotados de vícios de expressão e incorreções de todas as ordens”. Serve-me como roupa feita por um alfaiate. 

E continua “Forço-me a escreve, para não ter que jogar tudo isso no lixo”. E muitas vezes vai para o lixo: cadernos, diários, bloquinhos, rascunhos, folhas, folhas, folhas e mais folhas. Que no final acabam no lixo.

Muitas vezes começa com associação livre, que nada mais é do que terapia. E então cama, banheiro, banho, quarto, cama, telefone, ansiedade, medo, conversa, ansiedade, risos, convite, dúvida, olhos fechados, risos, mais conversa, encontro, confirmação, ansiedade, armário, sala, garagem, carro, rádio, rua, luzes, bar, ansiedade. Explica como uma amiga me tira da cama para bater papo num boteco...

Sequência lógica e sem sentido (como?). E que ninguém precisa entender. Um desabafo.

Pode virar história. Ou trabalho. Ou vai para o lixo. 

Ficará guardado para sempre, independente de onde estiver. E fora de mim.

Leio e escrevo. Talvez eu não fale muito. Ou então não consiga me expressar com palavras ditas, apenas escritas. Sou capaz de explicar qualquer coisa, se eu puder escrever. Tenho mais coragem, mais habilidade. E não me preocupo com correções, acertos e coerências. Só escrevo. 

Como morfina para a dor. 

Palavras que manam por todos os lados. Escorrem como lágrimas – ou como sangue. Desaguam em lugares desconhecidos e descobrem leitores desavisados.

Cumprem sua promessa. Partem dessa para melhor. Morrem.

Anos depois são capazes de me fazer reviver. Voltar até momentos incríveis, dias de fúria ou tristeza profunda. E que por isso são tão necessárias.

Escrever é assim. Ponto final.