quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Frio

Bagé, até hoje, foi o trecho que menos gostei. Quando penso em frio é lá mesmo que vou parar! Não consigo nem imaginar como deve estar frio por lá. Morei por seis meses num apartamento no centro da cidade e nunca passei tanto frio por tanto tempo. Já estive em alguns lugares de muito frio para passear, mas morar num lugar que é extremamente gelado não combina comigo.

A cidade tem uns 130 mil habitantes, tem um monte de universidades e milhares de estudantes espalhados por todos os lados. Historicamente falando é uma região muito interessante e importante. É região de fronteira, fica beeem perto do Uruguai e o exército está presente em todos os seus subtipos, cores e nomes, além dos jatos em treinamento, da cavalaria passeando pelas ruas e dos quartéis em todas as esquinas.

No início tudo é romântico, bonito, interessante e aí começa ficar repetitivo e cansativo. Daí não consigo mais esquentar o corpo, nem dá vontade de sair de casa ou coragem para tomar banho (afff...). O vinho é necessário para sobreviver, parece que os ossos só esquentam depois de duas taças de vinho – tava até me sentindo meio alcoólatra, quando saí de lá percebi que é o clima mesmo. Além de frio, Bagé tem muito vento – um vento solto, como diz meu sogro – e a noite as janelas tremem tanto que vc tem certeza que elas vão voar. Com o tempo a gente acostuma e dorme! As duas taças de vinho ajudam nessa hora também...

Como sempre vejo o lado bom, posso afirmar que foi a cidade que tem o povo mais bonito que já vi: aquele monte de gente jovem, estudantes, bem vestidos, com muitos acessórios de frio, divertidos, alegres e festeiros. Nem dava para imaginar um lugar tão frio e tão animado. Como a mão de obra da cidade é abastecida pelos estudantes, em qualquer loja ou restaurante tem sempre alguém muito bonito e simpático te servindo, e quando a gente diz obrigada eles respondem “tu mereces”. É um exagero de bom humor e beleza!

É interessante ver como o clima de cada cidade reflete no seu cotidiano, muda a vontade de fazer as coisas, a cor da pele das pessoas, o grau de escolaridade, de simpatia, de cultura e até de tradicionalismo. Um dia, há muito tempo, achei que tudo isso fosse folclore, invenção, maldade do povo. Mas acredite o Brasil realmente tem os seus extremos.

E cada vez mais agradeço por estar no trecho, pois da mesma forma que esfria, pode esquentar!

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